domingo, 10 de maio de 2009

Swing: sobre o amor, o tesão e o casamento


Um programa do Canal Brasil chamado Swing, apresentado pelo diretor de cinema Domingos Oliveira e sua esposa, a atriz Priscila Rosenbaum, veio com uma proposta diferente: os dois conversam, individualmente e separadamente, com um casal – geralmente ligados ao mundo artístico – sobre o relacionamento deles e sobre o casamento de uma forma geral. O cenário é a casa de alguém ou uma praia carioca. E sempre regado a cerveja.

As perguntas não são nada discretas, já que todos se conhecem, e envolvem tesão, (in)felidade, frequência sexual, discussões diárias, contas a pagar e até o swing propriamente dito. A linguagem é coloquial e, como é comum no Rio, usa-se muito o verbo trepar (adoro como os cariocas falam sem pudor: “A gente trepa de manhã...”).

Nos vários programas, algumas afirmações foram feitas. Destaco uma que mexeu comigo: “a mulher casa com o homem achando que ele vai mudar – e não muda. O homem casa com a mulher querendo que ela não mude – mas ela muda!”.

Acho bem verdade. Talvez a mulher mude muito quando o homem não cede nada. Ou o homem se reafirme exageradamente à medida em que vê a mulher se tornando outra pessoa. E tudo isso – até a motivação do programa - parece fazer parte de uma crise maior do casamento que, na minha opinião, tem e não tem fundamento.

Explico melhor. A dificuldade de manter um relacionamento hoje em dia é fato, visível e inquestionável. Como aliar os desejos e anseios – pessoais, profissionais, familiares – com outro ser humano detentor de suas próprias neuras, rotinas e paixões? Cada dia eu percebo mais que poucos, poucos mesmo, conseguem chegar a este Everest do amor.

Ao mesmo tempo, não acho que a vida individualista que vivemos hoje em dia comporte tamanho individualismo. Os empregos te levam de um lado e outro. Os amigos vivem cada um em uma cidade e país, cada um com seu horário, cada um no seu cantinho. Não que a amizade sincera não acalente o coração – pelo contrário - é um dos grandes alentos.
A dinâmica moderna pede para que a gente divida a vida com alguém. Pensem bem: é quase contraditório fazer uma “produção independente” justamente quando as mulheres trabalham o dia todo! Também é estranho quando homens mantêm casamentos protocolares hoje em dia sendo que eles podem viver tudo com apenas uma mulher, ou tudo com todas e o tempo todo...

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Vejo um swing confuso entre a mulher, o homem, e entre eles todos juntos quando o assunto toca no sexo. Quem está solteiro quer estar casado; os comprometidos invejam uma liberdade visual e real de quem não tem hora para chegar; alguns se descobrem homossexuais no meio do casamento hetero; jovens querem parecer mais experientes; vários lutam contra qualquer indício de idade...
I cant´get no satisfaction em seu estado puro e superficialmente emocional.
Hoje em dia, ser passional tornou-se sinônimo para efêmero - não tem mais nada a ver com viver uma emoção profundamente.

Talvez a solução para o troca-troca que aqui levantei esteja justamente no swing.
Talvez trocar, sim. Não de parceiros, mas de funções. Deixar a mulher e o homem serem todos e qualquer um. Unidos pelo companheirismo e pelo eterno sexo.
Aquele sexo sem fim que só acontece quando se ama e se entrega ao amor. Aquele que derruba a lágrima do gozo completo, de quando se levita e se conecta com o outro na carne, no pulso e na alma.

Um comentário:

Anônimo disse...

Uaaauu!!!! Esse parágrafo final, me deixou sem ar!!! Adorei!!! Bjs!!!