sábado, 22 de janeiro de 2011

Férias - no plural


Em Londrina, Bauru e Itacaré. Espero esticar, também, para a capital, SP, visitar amigos, livrarias e cinemas, e para o Paraguai, ver Van, Fer e os gêmeos.

Nas terras paranaenses, recebi minhas duas grandes amigas Paola e Laura para um belo final de semana de aniversário e passeios.

No interior de São Paulo, os amigos e a família. E a arrumação do apartamento que estava quase abandonado.

No território baiano, chego domingo cedinho – com direito à amiga Cris Guedes nos buscar no aeroporto de Ilhéus. Teremos sorte, ainda, de passar o aniversário de Itacaré lá, no meio das festividades.

Uma semaninha na praia geralmente vale por duas ou mais. O tempo, no mar, é diferente e a intensidade não afrouxa. Cada dia, cada noite, cada comida é uma – e quase sempre especial. Se tivermos, eu e Pá, as mesmas sortes (no plural também) do ano passado em Trancoso, estamos feitas.

Volto com imagens.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Por que não falar em paixão?



“A linguagem é uma pele: esfrego minha linguagem contra o outro.
É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos,
ou dedos na ponta das palavras.
Minha linguagem treme de desejo.”
Roland Barthes

Sonhei que estava apaixonada e acordei como se estivesse. Deixada em uma cama, ah, e com a vontade de ficar pra sempre. Não senti frio nem calor; não vi sol nem lua. Nem o rosto de quem amei eu consigo recordar.

E não é assim o “state of bliss” que invade quem se apaixona? Tempo e espaço adquirem um outro ritmo. Vive-se uma sintonia paralela do mundo real que estimula o animal em todos nós. Na base do instinto, pensa-se pouco e sente-se tudo.
Exatamente como nos sonhos.

Acordei lembrando de poucas imagens da minha noite, mas com uma emoção de quem havia vivido uma paixão das mais gostosas: a sensação das mãos se roçando, dos pêlos masculinos na minha pele, da aproximação para o beijo na boca - aqueles segundos emocionantes e que parecem tão deliciosamente longos...

As pessoas ficam totalmente intensas quando apaixonadas. Eu fico encantada. O apego com o cotidiano se esvai porque o prazer de estar vivo é sentido plenamente. O organismo todo fica todo feliz; o corpo até muda – cria movimentos e desejos próprios. Há muito pouco o que se controlar.

Tem paixão que vem e que fica por um tempo; outras, já começam com prazo de validade e algumas podem durar bem pouco apesar da alta intensidade. Existe, até, a possibilidade de se re-apaixonar por alguém que havia caído na rotina. Não importa muito o tempo ou a forma com que concretize (sim, porque paixão platônica é uma contradição de termos), se apaixonar é resultado de um encontro raro, de um momento de iluminação ou de uma brincadeira de um “chato dum Querubim”.

Recorro a quem foi extremamente criticado por abordar o tema: Roland Barthes, em “Fragmentos do Discurso Amoroso”, de 1977. Reproduzo um de seus verbetes, também chamados de “figuras”, deste sentimento/estado/paixão:


“CONTATO: a figura se refere a todo discurso interior suscitado por um contato furtivo com o corpo (mais precisamente a pele) do ser desejado.

1. Sem querer, o dedo de Werther toca o dedo de Charlotte, seus pés, sob a mesa, se encontram. Werther poderia abstrair do sentido desses acasos; poderia se concentrar corporalmente sobre essas fracas zonas de contato, e gozar esse pedaço de dedo ou de pé inerte, de um modo fetichista (...)
Gesto delicado no interior da palma, joelho que não se afasta, braço estendido, como por acaso, no encosto de um sofá e sobre o qual a cabeça do outro vem pouco a pouco repousar, é a região paradisíaca dos signos sutis e clandestinos: como uma festa, não dos sentidos, mas do sentido".

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O céu de Bauru



Para quem acha que minha cidade-natal é só boa em sanduíche, ou aeromodelismo, ou em posicionamento geográfico, ou em bordéis clássicos e prefeitos presos, o melhor mesmo é olhar pra cima. No caso do meu apartamento lá, tenho o paraíso em contraste com as vistas dos prédios de Londrina. Explico detalhadamente: o apartamento londrinense é muito mais bonito, e toda a base da minha vida material eu trouxe pra cá; o bauruense é meu de fato, tem muita história, mas falta tudo por lá – exceto o céu. E está aí o contraste. O belo apartamento da rua Alagoas praticamente não tem vista: é no centro, com prédios que me circulam feito São Paulo capital... Tenho sorte de, às vezes, dependendo do posicionamento dos planetas, ver a lua de uma janela. Ou um belo por/nascer-do-sol. Na outra casa, da rua Antônio Xavier de Mendonça, não é assim. Lá, eu vejo o céu o tempo todo. Durmo olhando para a lua e acordo com o sol, devagarzinho. São vários os “bauruenses”, nativos ou não, que comprovam minha tese de que o céu de lá é diferente. “O melhor, Má”, já me disse a Vanessa. “Realmente, o por-do-sol de lá é especial”, atestou Beto. Questiono o seguinte: se eu tivesse uma vista bonita como tenho em Bauru, aqui, na minha sacada gostosa londrinense, seria a mesma coisa? Não, acho que não. Posso vir a morar de frente para o melhor horizonte paranaense que me faltará algo essencial, divino, natural e único. E é o céu, este sim sem limites, de Bauru. Céu pintado; és bonito em qualquer estação.

Foto publicada no site da 94FM, de Bauru, claro.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Ana e Beto

Eu nem tinha visto, porque não perco mais tempo com essa publicação (não dá mais pra chamar de revista), mas minha irmã – revoltada - veio me mostrar. Matéria da última Veja do ano faz parte da nova cruzada contra Chico – e da velha caçada contra qualquer um que não seja PSDB.

A “reportagem” é um artigo, na verdade. E dos piores. Com foto grande da nova ministra da cultura, ocupa duas páginas e ainda traz um box com um mini-texto sobre o campo onde Chico Buarque joga futebol, e que poderia abrigar 71 casas do programa Minha Casa, Minha Vida! Veja cunha o termo PCB: Partido do Chico Buarque.

A matéria não é assinada, claaaaaaro.
Reproduzo o título e a linha fina (texto que vem embaixo) para compartilharem minha indignação.

ZERO À ESQUERDA
Cantora apagada e burocrata do terceiro escalão, Ana de Hollanda ganha o Ministério da Cultura graças a duas credenciais impecáveis: “sempre militou” – como justifica, e é irmã de Chico Buarque

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E mais uma agrura com os meios de comunicação. Beto Richa (PSDB) assumiu o governo anteontem e decretou moratória dos pagamento do Paraná por 90 dias e a exoneração de 3,5 mil cargos comissionados. Lendo as notícias, percebi algo chocante, triste e vergonhoso: a Folha de Londrina chama o político de Beto - simplesmente Beto.