domingo, 17 de maio de 2009

Primeiros dias


Estou devidamente instalada em Londrina.
Apartamento bonitinho que a faxineira da minha irmã limpou antes de eu entrar. A Mi deixou até presentinho para mim... A síndica é uma coisa fofa, super gente boa. Seu nome é Linda, e ela é. O porteiro da noite é o seu João. Nordestino simpatissímo. Disse lembrar de quando eu fui ver o apartamento, e que ficou torcendo para eu morar aqui. Nem de perto é um Roberto na minha vida (meu porteiro em Bauru, meu faz tudo, que me conhece desde pequenininha), mas, puxa vida, ter alguém com um sorrisão desse por perto é bem gostoso.
Minha sala é bem clara, bem gostosa, no oitavo andar de um prédio que é perto de tudo (tem um bar/restaurante Tailandês lindo na esquina de casa) e fica na rua Espírito Santo (pouco abençoada?). O chuveiro é gostoso, já entendi como funciona o gás encanado e já guardei tudo que trouxe. Minha mãe fez aquela compra (O que é uma mãe feito a minha?).
A viagem foi incrível. Shú veio na estrada como se fosse uma cachorra do mundo. Colocar a cama dela no banco de trás do carro foi a solução mais acertada. Mesmo assim, quando ela deitava e eu a elogiava (“minha cãzinha maaais linda do muuundo...”), ela já levantava e dava uma choradinha, querendo ir ao meu lado. Fez a alegria dos caminhoneiros que até buzinaram para a cachorra enrugada que eu tenho.
Chegando aqui, ela pirou um pouco com a casa – não se achava. Quando saí para almoçar, ela gritou e, pela primeira vez, raspou a porta querendo desesperadamente ir comigo. A mesma cena se repetiu quando voltei do almoço e fui para a UEL. Ela realmente ficou com medo de ficar sozinha neste apartamento tão frio.
Ah, este é um detalhe importante: Londrina é/está gelada! Ontem, fez 8 graus de manhã! Fui correndo comprar um edredon e uma pantufa. Eu, que sou super calorenta, efetivamente tremi de frio.
Por ficar um pouco afastada da cidade, a UEL é ainda mais fria – mas só na temperatura. Fui para uma reunião com o coordenador de jornalismo na sexta-feira mesmo. Peguei meu mapa, entendi para que lado deveria ir e cheguei lá tranquilamente. No departamento, fui super bem recebida. Vários cafés, conversas e risadas... Parece que já os conheço. Detalhe: já tem verba aprovada para eu fazer dois jornais com o pessoal do terceiro ano. Em formato A3 dobrado, grampeado, com uma média de 20 páginas, poderei desenvolver, até o final do ano, textos EXCLUSIVAMENTE opinativos: editorial, crônicas, artigos, críticas, resenhas, charges... Que luxo! Probleminha na hora de sair da tal cidade universitária: me perdi no campus e acabei visitando o pessoal de biológicas e exatas. Legal é ouvir aquela variedade enorme de sotaques brasileiros típica das universidades públicas...
Estou louca para conhecer os alunitchos.

O que eu gostei de fazer aqui? Sair, eu e Shú, para caminhar no frio com sol das manhãs...

O que eu percebi (e que não sabia)? Londrinenses são menos politicamente corretos do que eu imaginava. Em oposição ao estado de São Paulo, tem muuuitos fumantes soltos livremente e pouquíssimos bafômetros pela cidade.

O que ainda falta? Amigos. Os meus amigos. Não serve qualquer um, não. Eu sei que tenho jóias raras em Bauru. E que fazem uma falta....

O que facilita a vida? As grandes avenidas da cidade, a simpatia das pessoas, todas as opções de lazer, a localização de onde moro e o fato de ter irmã e sobrinhas aqui.

O que é mais engraçado? Sair de uma cidade onde todos reclamam e ir para outra onde todos os seres vivos parecem amar cada pedacinho desta terra. Eu achava que era só a minha irmã, mas não: todos parecem trabalhar como guias turísticos em Londrina.

O que me fez chorar? Ver, ontem, no supermercado, um menino com Down. Aquele olharzinho que é praticamente igual em todos eles me trouxe a saudade da minha irmãzinha. Não tive nem dúvida: botei os óculos escuros porque sabia que não ia conseguir segurar o soluço.

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