domingo, 24 de maio de 2009

As chaves de Londrina


Desde que cheguei aqui, percebi um fenômeno estranho. Com exceção da trava da porta de casa, todas as chaves parecem entrar em todos os buracos. Para abrir a minha casa, todas cabem na fechadura. Na porta do prédio, também. Elas entram, mas apenas uma, de fato, gira totalmente e abre.

Só posso acreditar que isso faz parte do magnetismo desta cidade. Ela recebe a gente como nenhuma outra. E, como todos aqui são abertos, felizes e satisfeitos (tenho certeza de que eles botam Prozac na água – mesmo!), os elementos mais materiais – como as fechaduras e chaves - também se contaminam com o clima.

Esta receptividade por parte das fechaduras não foi exclusividade do meu prédio. Também ocorreu na UEL! Duas aulas minhas são dentro do laboratório de impresso e de foto. Sigo aquela rotina de pegar a chave com o pessoal do departamento e ter de rodar cada uma delas para ver qual quer abrir a minha porta.
Uma a uma, elas todas entram e elas todas tentam. As chaves daqui gostam disso: de adentrar o buraco negro, dar uma rodopiada e sair da fechadura, como se fosse uma brincadeira de mal-me-quer bem-me-quer.

Quando roda, gira 90, 120, 280 e, enfim, 360, 720 graus no buraco mais perfeito para sua anatomia, ela tropeça de felicidade, continua e atinge o ponto mais prazeroso, o final do caminho, a porta de luz.

Um comentário:

thiago roque disse...

se as chaves se encaixam e as portas se abrem, qualquer dificuldade fica pequena, né? um beijo.