sábado, 19 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Eu, baiana


Depois de Itacaré, dei de achar o ritmo e os valores da vida no Sul/Sudeste bem bestas. Tem a ver com a natureza, a história e a leveza de se viver de chinelo. E, claro, com a Cris Guedes, amiga querida que nos rodopiou por Ilhéus, junto com a filha Maria, serelepe linda com pouco mais de um ano, e nos levou para a pousada a 60 km de lá. A dentista é formada pela USC, e desde sempre fez trabalhos sociais. E foi seguindo este caminho que ela virou minha baiana predileta.

Cris tem uma vida difícil por estar longe da família, mas, ao mesmo tempo, tranquila. Todos lá parecem bem mais calmos do que qualquer um dos que me circulam (me inclusive). E é uma tranquilidade intensa – porque ninguém de lá me pareceu morno, não. As crianças são exemplo maior: todas são soltas, simples, simpáticas, interessadas, graciosas...

Fora a beleza estonteante das praias, coqueiros e mangues (cenário que traz uma espiritualidade incrível), Itacaré foi também cheia de gente interessante. Tinha o cara que andava com a sua bike-rádio tocando o maior som e anunciando as festas, bares e shows daqueles pequenos redutos. Tinha o italiano dono da barraca dos Latinos, na praia da Concha, muito gentil, que nos serviu com diferentes vinhos em uma tarde deliciosa. O Kurisco – guia mais gente boa, que deu uma pernada na cidade com a gente, mostrando os lugares históricos e um belo pôr-do-sol. O casal Ingrid e Marcelo, que viraram amigos instantaneamente no passeio pela península de Maruá. E, claro, os três mosqueteiros do bar Maluca Beleza, na orla de Itacaré: o brasileiríssimo Fabrício, o irlandês Steven e o londrino Louis, que tocavam Manu Chao e Seu Jorge.

E tiveram os momentos de calmaria na praia, de conversa com vinho, lá e na piscina da pousada tão gostosa, tão cheia de gente bacana, entre Paola e eu. Ah, como conseguimos nos divertir, aproveitar, contar histórias do passado, construir histórias novas. Privilégio de poucas amigas. Comemoramos muito bem nossos 22 anos de amizade.

Eu e Pá percebemos com profundidade a visão dessas pessoas que já moraram em cidades grandes, mas que optaram por uma vida mais tranqüila. Porque de alguma forma, perto do mar, o ritmo é mais calmo, mais belo, mais natural, mais histórico... Não sei se eu conseguiria viver por lá, mas com certeza é uma bela ideia que ficará guardadinha em mim.

O duro foi, no domingo cedo, chegar ao aeroporto Jorge Amado, em Ilhéus, e não achar o jornal do dia.
_ Não vem jornal hoje?
_ Ah, moça, vem sim, mas tem dia que só chega umas 11h da manhã. Vai levar o de ontem?

Relaxei, comprei a edição de sábado, e só então fiquei sabendo que o bicho estava pegando no Egito.

Itacaré me deixou mais calma e mais segura. São várias e diversas formas de ser feliz.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Minhas duas Bahias


Se Trancoso é o Quadrado, Itacaré é a Pituba.
Se Trancoso é cheia de charme, Itacaré é cheia de (todo tipo de) gente.
Se Trancoso é diurna, Itacaré é, também, noturníssima.
Se em Trancoso você precisa andar quilômetros para chegar às praias, em Itacaré, elas ficam logo ali.
Se Trancoso tem uma culinária realmente especial, Itacaré tem quase de tudo.
Se Trancoso é na Costa do Descobrimento, Itacaré é na Costa do Cacau, que Cacau!
Se Trancoso trata os cachorros como pessoas, em Itacaré eles são só cachorros – e acham que coco é bolinha pra brincar.
Se em Trancoso tínhamos um grande quarto, em Itacaré quase não dormimos.
Se Trancoso é a calma, Itacaré é surfe.
Se em Trancoso eu comi peixes, em Itacaré mergulhei para vê-los de perto - e bem vivos.
Se Trancoso é multilíngue, em Itacaré, todos arranham o seu português baiano.
Se em Trancoso nos divertimos e nos encantamos, em Itacaré também nos esbaldamos.
Se Trancoso é branca, Itacaré é belamente preta.
Se Trancoso é levemente elitista, Itacaré é predominantemente povo.

Se Trancoso é universal, Itacaré é incrivelmente baiana.