segunda-feira, 29 de junho de 2009

A pauta derrubada


Será que foi culpa do Michael Jackson? Ou seria um efeito da gripe suína?
No meu caso, estes dois motivos me fizeram acordar na sexta e pular de página em página na Internet sem reparar muito que era dia 26 de junho.
Fui correndo para os jornais de Londrina ler sobre o fechamento da UEL por conta da possibilidade do vírus H1N1. Nenhuma novidade. Depois, migrei para ver como os meios de comunicação locais, nacionais e internacionais repercutiam a morte do cantor-dançarino. Os dois jornais de Bauru me pareceram limitados, já que divulgaram a notícia na mesma caixinha de texto usada para grandes shows na cidade. Também achei interessante que os jornais italianos deram a notícia na segunda dobra da capa, sem grande reverência.
No caso dos jornalistas que escrevem sobre jornalismo, outra pauta também vem dominando a discussão: o fim da obrigatoriedade do diploma. Ainda tem muito chão pela frente para se decidir como e quem poderá exercer a profissão sem o cartucho.

Mas era dia 26 de junho.

E eu voltei para 1969.

Se o Pasquim fosse publicado hoje, talvez não tivesse a mesma repercussão, até porque várias características da comunicação de hoje em dia vieram do semanário carioca. Mas, 40 anos atrás, as páginas debochadas causaram uma pequena revolução.
Os jornalistas (na maioria, homens) faziam um jornal totalmente imerso no clima de Ipanema, que era o centro cultural do Brasil. O país era diferente, o mundo tinha outros ritmos e a sociedade vivia diferentes tensões.
Sob censura, o Pasquim brincou com a linguagem: usou humor, fotomontagens, gírias, e conversas reproduzidas ipsis litteris.
Sob o efeito do álcool e da boemia, páginas criativas foram produzidas e confiscadas pelos militares.
Sob prisão, Jaguar, Tarso de Castro, Ziraldo, Sérgio Souza, Luiz Carlos Maciel e Paulo Francis continuaram a publicar o jornal porque contavam com uma equipe paralela de primeira (Chico Buarque, Glauber Rocha, Miguel Paiva...).

Quando leio as edições amareladas dos Pasquins que tenho, voo no tempo e sinto um pouco do que aquela geração vivia: uma necessidade quase orgânica de mudar o comportamento e a linguagem, com aspirações e inspirações mais debochadamente inovadoras do que propriamente dirigidas.

...

Na inconsistência da pauta dos grandes meios de comunicação, entre a morfina e a vacina, o lançamento de um dos mais importantes jornais da história do Brasil ficou limitado a uma nota de rodapé, ou uma matéria derrubada.
...
PS: Acima, reprodução da capa do primeiro exemplar, com a entrevista transcrita fielmente (primeira vez que isto aconteceria na imprensa brasileira) em que o colunista social Ibrahim Sued revela que Médici seria o próximo general a assumir o governo. Na frase-editorial, embaixo do logo, o aviso: "Aos amigos, tudo; aos inimigos, justiça".

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O meu Michael

Eu tinha o LP Thriller e usava seus botons na jaqueta e mochila. Imitava seus passos e dançava suas músicas – inclusive as “lentas”. Compunha, com minha irmã, a dupla Paul e Michael para dublar “Say Say Say”. No videoclipe, eles andavam em uma carroça no meio do campo e eu já adorava o Beatle. O Jackson mais pop ainda tinha seu cabelinho Chitãozinho e Xororó crespo.

Quando o clipe de "Thriller" foi transmitido pelo Fantástico, o apresentador (não lembro quem era, mas o YouTube deve lembrar) avisou que seriam cenas fortes. Isso em 1983, e eu tinha apenas 9 aninhos. Família reunida na sala e todos ficamos atormentados com as imagens daquilo que era quase um curta-metragem musical de terror. Resultado: não consegui dormir à noite. Que me lembre, minha irmã também ficou acordada.

Ainda na década de 80, veio uma notícia de que Michael tinha uma doença grave: lupus. Eu, a Mi e nossos vizinhos nos reunimos para ouvir o álbum que tanto amávamos e chorar... Depois, terminamos a tarde imitando seu moonwalking move, tão famoso, e a coreografia maluca de "Beat It", música que, poucos anos depois, eu iria dançar em uma apresentação de jazz da professora Sally.

Também foi pauta da minha infanto-adolescência o acidente em uma gravação, que fez com que Michael queimasse o cabelo e entrasse em um processo de auto-degeneração. Lembro certinho que peguei uns fios da minha cabeça e queimei, só para ver o que acontecia. E me entristeci horrores quando vi como o cabelo queima rápido e como cheira mal.

Este foi o meu only Jackson.

A lembrança mais recente foi dançar “Billy Jean” em ritmo bem lento, levado pelo J.J.Jackson, em Bauru mesmo, com meu querido amigo Fabrício no Santa Madalena.

Acho que ele deveria ser enterrado de calças curtas, meia branca, sapatos pretos, com a manga do casaco puxada até quase o cotovelo, óculos Ray-ban, cabelo cacheado caindo na testa e as mãos devidamente posicionadas vocês sabem onde.


ANEXO: http://www.youtube.com/watch?v=9r_sffBTqFI
Música linda de Caetano com versão de "Black or White" do Michael Jackson. Vale a pena. São duas músicas em uma.

domingo, 21 de junho de 2009

PERGUNTAS JORNALÍSTICAS

Jornalismo, então, não precisa de teoria? Melhor: nem tem teoria, certo?
Também não envolve técnicas de reportagem e apuração?
Não existem critérios de noticiabilidade, estudos sobre os diferentes textos, a legislação específica?
O que se estuda, então, é dispensável?
O ambiente universitário e o contato com o meio jornalístico – através das aulas e dos professores – também não formam ninguém?
Ah, e ser jornalista é só saber escrever?
Não precisa nem saber as diferenças entre os meios e as mensagens?
Dispensável escrever texto, discutir com colegas, participar de palestras com fotógrafos, escritores, editores, repórteres?
E, se é para dar espaço para que todos tenham liberdade de expressão – e não apenas os jornaleiros – como é que vão ficar as colunas, artigos, comentaristas, e cartas escritas que já garantem espaço diário às pessoas “da sociedade em geral” se manifestarem?
Dizer que existem péssimos jornaleiros e faculdades toscas é suficiente para questionar a formação universitária?
Se o curso de jornalismo vai encolher, consequentemente, as pesquisas sobre os meios de comunicação também vão diminuir? Será que a idéia é essa?
Ou será que o objetivo é voltar àquela ideia inocente de que os fatos não são construídos: eles apenas refletem a realidade de cada um que puder se expressar.
Notícia é papo sério, e precisa saber o que é para poder saber fazer.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Dispensável

Pra que diploma para ser economista? E administrador de empresas, então?
Contabilidade não precisa ser feita por contadores, nem cirurgias por cirurgiões, campanhas por publicitários...
Nem farmácia deveria exigir farmacêuticos, então, já que precisamos de receita médica para comprar remédios.
O curso de psicologia também é bem questionável. Minhas amigas sempre me acharam meio psicóloga....
Educação física, então, tome cuidado. Precisa estudar tantos anos para ensinar alguém a correr?
Aquele senhor que manja tudo de plantas, que estudou a vida inteira as diversas árvores que criou, propagou e fez florescer, poderia ter um registro de biólogo.
Eu, por exemplo, que sempre me interessei pelas propriedades dos alimentos, sempre li bastante sobre o assunto já que não como carne, poderia ser uma nutricionista. Ou talvez até uma nutróloga, dependendo do grau de profundidade que eu pudesse atingir.
Quem sabe até desenvolver minhas aptidões veterinárias, arquitetônicas, químicas...

É isso aí: pra que diploma de jornalista?

Quando um fato policial complicado acontecer, deixem que um militar escreva a reportagem.
Sobre a sessão das câmaras municipais, nem precisa mandar repórter, não. Peçam para algum político escrever.

Quem quiser, que vire jornaleiro de uma vez.
Cansei.
Sou dispensável.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Um amor raro


Sempre senti que você era meu. Estávamos ligados organicamente, instintivamente, emocionalmente, caoticamente.
Chegou e me apaixonou.
Ficou ali, nas minhas mãos, na minha casa, como se sempre tivesse estado aqui comigo. Tudo me remetia ao seu tom, sua imagem, suas palavras. E foi por isso que eu te amei e superei mais do que acreditava conseguir. Eu fui nos meus limites para te entender. E iria novamente por quantas vezes precisasse, sem querer nenhum título no final da jornada.

Te amei como poucas.
Te amei como o único.

Te amei até quando meus olhos já não se aguentavam mais abertos, e eu continuava, só para te decifrar. Tropecei em estações e repeti verões ao seu lado. Na alegria e na tristeza.
Te odiei por bem mais que alguns segundos; não me arrependo. O amor que se mistura com paixão traz mais alegria do que lágrimas. É quando se idolatra, se decepciona e se supera. Lado a lado. As interferências dos outros fazem doer, mas fazem crescer uma relação que deve ter vindo de outras vidas.

Já te sentia em mim antes de você bater aqui dentro.
Porque alguns caminhos, de tão inteiros, são o próprio destino.

ps. Apesar de parecer uma carta de amor a alguém, é para o meu “jornaleco”. Traduz a minha emoção por ter sido convidada para uma entrevista sobre os 40 anos do Pasquim para o jornal “O Povo”, de Fortaleza.
26 de junho de 1969. Que bom que aconteceu.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Em Londrina...


Já fui até em um protesto. Melhor: manifestação. Na verdade, acho que foi um encontro com o prefeito. Eu, alunos e mais dois professores da UEL fomos pleitear o apoio do político/jornalista (também formado pela estadual) contra a votação do STF que questiona a obrigatoriedade do diploma do curso de jornalismo para exercer a profissão. Acho que nem preciso me posicionar: jornalista é mais do que saber escrever; é saber conceber a comunicação de uma forma bem mais ampla. Mais ainda: por que questionar só o nosso diploma? Vários deles, vários formados na própria UEL e que trabalham hoje em dia nos veículos de comunicação daqui, estavam lá. Engraçado foi chegar em uma coletiva e não saber quem é quem. Conheço quase todos jornaleiros em Bru City; alguns são até amigos...

Não como muita comida, não. Perdi uns bons quilos no primeiro mês de aluguel/condomínio/etc pagos esta semana. Mesmo quando tenho fome, não tenho apetite. Nem interesse em entrar na cozinha com um bom vinho para cozinhar. Prefiro os livros e os jornais. Tenho fome é de letras e experiências por aqui. Quando quero comer algo pronto, também esmoreço: não sei tão bem os bons lugares, ou não sei como chegar. Parece que me alimentar virou algo para ser agendado e programado, ou limitado à companhia da minha irmã e da minha sobrinha (lindamente comilonas as duas).


De uma forma bem mais sintética:
Em Londrina...
... todo mundo tem cachorro.
... que não tem, gosta.
... não dá para andar de bike (altas ladeiras).
... as mulheres são peruas mesmo em um sábado à tarde.
... não vou muito ao supermercado.
... tem uma padaria, um pet shop, um salão de beleza, um restaurante e uma farmácia em cada quadra da região onde moro!
... Shú tem vários machos shar-peis pretendentes.
... não existe privacidade: abro a janela e dou de cara com outros prédios, outras pessoas chegando, tudo muito pertinho...
... meu carro foi metralhado pelos pombos locais – eles realmente são agressivos.
... neblina é constante - adoro acordar e ver minha janela do oitavo andar esfumaçada.
... todos os cafés são gostosos.
... faz frio mesmo quando o relógio marca meio-dia. Cachecol no horário do almoço.
... é difícil estacionar.
... tem personal marido (!)
... não tem quem não gosta da cidade.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

FILOmenal!

Minha primeira noite no FILO (Festival Internacional de Londrina). O argentino Daniel Veronese trouxe para a cidade “La Noche Canta Sus Canciones”, um drama de um casal se separando. Fui criada sem teatro, o que faz com que me emocione com aquela coisa tão viva na minha frente.
Falado todo em espanhol, de forma natural e angustiante para quem não é fluente na língua, a peça mostra que a linguagem do teatro é universal, com suas paradas, seus momentos de ápice, tensão, comédia. Mesmo não entendendo vários trechos, senti tudo.
O trágico e cômico de Veronese refletem a dor da separação. Envolvendo os sogros, o filho e o amante da mulher, o casal passa por todos os estágios do rompimento, da emoção à reconciliação, do tédio ao tapa. Por fim, a morte – que espera todos os casais, mais cedo ou bem mais tarde.
O bonito foi que, quando entramos, os atores já estavam ali em seus lugares. E, mesmo quando não contracenavam, mantinham-se sentados na lateral do palco, como se também assistissem à peça. Sim, somos todos espectadores e atores de relacionamentos falidos. E de nós mesmos.

domingo, 7 de junho de 2009

Eterna lua-de-mel


Meus alunos da UEL acham que eu estou em lua-de-mel com Londrina. Se é verdade esta constatação, ontem tive minha primeira discussão com a cidade. Mas, logo depois de ver a face ruim daqui, encontrei um lado maravilhoso e aconchegante que me comprovou que este amor pela cidade veio para ficar.

Sábado de Filo (Festival Internacional de Londrina) - eu com ingresso para uma peça de um grupo local. Friozinho gostoso, saia, bota, mapa e carro. Fui sozinha e tranquila, certa de que andaria na avenida Duque de Caxias daqui como ando na de Bauru. Ledo engano. A avenida vira rua em um determinado momento e é imensa. Fui para o lado errado, depois voltei tudo, tentei chegar até o início da rua pelas ruas paralelas – em vão. O calçadão apareceu na minha frente, fazendo com que eu achasse que aquele teatro não existia. O desvio me levou para perto da rodoviária e eu já nem sabia como voltar. O problema já nem era mais a peça “A Quem Interessar Possa”. Já havia perdido o horário. Voltar para as ruas que conheço era o meu maior objetivo.

Quase lacrimejei de emoção quando avistei a rua Pará, onde minha irmã mora. Ufa. Tudo sob controle. Decidi ir a um bar na rua João Pessoa onde estão sendo as baladinhas do Filo. A rua corta a avenida JK; então, achei que seria simples. Mas não. Mesmo problema: quando peguei a rua paralela para achar o lugar que queria, fui levada totalmente para outro lado. Para voltar para a JK, outro parto. E a raiva de não encontrar os lugares que planejei me deixou ainda mais acordada e com vontade da noite londrinense.

Nem precisei pensar muito para chegar ao Vilão, bar que eu tanto queria conhecer, perto de casa, do qual a Lu sempre falava. Foi aberto em 1978, e é o bar mais antigo da cidade. A entrada é linda: um corredor cheio de verde e com umas mesinhas para duas pessoas que deve ajudar qualquer namoro. Nos primeiros passos já deixei para trás qualquer mágoa da cidade. Eu havia encontrado o Vilão.

A iluminação é perfeita (tem uma mega-escultura de vela), o som é incrível (tocou Air) e cada cantinho tem mil coisas. E tem lareira e vários jogos antigos para brincar. Quadros, muitos quadros e imagens. Todos os tipos de gente em um espaço perfeito.

Cheguei perto do homem sentado atrás de uma caixa registradora antiquíssima, pedi o cardápio, uma taça de vinho, e sentei em um banco perto dele. Em poucos minutos, muita conversa e uma intimidade como se já o conhecesse. William, dono do Vilão, é inteligente, engraçado, muito gentil e foi a melhor companhia que eu poderia ter.
Conversamos muito a noite toda. Ele senta em uma cadeira antiga de barbeiro, coloca o som da noite e controla as contas dos clientes com rapidez e tranqüilidade invejáveis. Eu nem vi o tempo passar assistindo William trabalhar, tomando vinho, dedilhando os livros que mostram o Vilão...
Quando vi, o bar estava fechando.
Depois, já estava fechado.
Melhor: a daschhund Rita (em homenagem à Cadilac) veio nos fazer companhia.

Quando eu achei que a cidade pararia de me agradar, ela me mostra um canto para mim e uma companhia incrível para rechear minhas noites londrinenses.

ps. foto extraída do site do bar (www.vilaobar.com.br). É justamente neste cantinho que fiquei. Lindo, né?


sábado, 6 de junho de 2009

Objetos Voadores Não-Controlados


Na estrada, pouco ou quase nenhum controle existe para o motorista. Também não há muita liberdade, não. Todas as regras estão dadas pelos traços, placas e pelo caminho que você precisa seguir. Nem fazer xixi a qualquer vontade você pode: precisa chegar até o posto mais próximo, ou saber que não tem posto por ali e encarar o matinho mesmo...

Esta falta de liberdade envolve, necessariamente, não sair da sua pista. E ela, a pista, é fina, determinada, esburacada, com ou sem acostamento, às vezes fechada, às vezes aberta, duplicada ou simples, simplesmente. Logo você aprende a manter-se naquele espaço porque, ao sair dele, para ultrapassar o caminhão ou desviar de um buraco, todo perigo pode acontecer.

Mas e quando você antevê um problemão na sua frente, mas não pode fugir dele, justamente pela limitação que existe nas trajetórias intermunicipais?

Aconteceu comigo na estrada, na última ida para Bauru, e três vezes.

Objetos que vieram de encontro a mim, até o meu carro, porque não tinha como eu desviar. Minha liberdade na estrada foi reduzida a administrar minha velocidade e alertar os colegas viajantes dos outros carros de possíveis perigos.
Cena de filme(s).

Foi surreal.

Primeiro: a neblina no norte do Paraná. Na quinta-feira bem cedo, bem fria, peguei dois trechos completamente esfumaçados e nunca me senti tão fisicamente suscetível na vida. Qualquer carro poderia vir pra cima de mim de frente, por trás, de lado e até por cima que eu nem ia perceber. Entrei em uma nuvem e não saía mais. Parar no acostamento não é nada indicado, nem possível, mas continuar a andar sem ver nadica parecia suicídio. Nem tempestade tira tanto a visão do motorista do que a neblina. Em pista simples, então, é desesperador. Mas é bonito.
Cena de filme canadense.

Segundo: caminhão na minha frente com uma lona semi-solta. Senti o perigo. Recuei. Andamos uns bons 20 km assim, mas, quando eu nem esperava, aquele troço alaranjado veio de encontro ao meu carro. Bateu no meu vidro, eu pisei no acelerador, abaixei minha cabeça (puro reflexo), meti a mão na buzina para alertar o carro de trás, que, infelizmente, teve a lona grudada no vidro, levando o motorista e pegar o acostamento. Eu assistindo tudo, coração acelerado, ainda assustada.
Cena de filme com Johnny Depp.

Terceiro, e pior de todos objetos voadores não-controlados: quatro urubus comiam algum cachorro morto bem na faixa que dividia as duas pistas simples. O carro que estava na minha frente assustou os carnívoros, e eles voaram. Um deles, porém, mais guloso, ficou para trás, e voou atrasado. A cada segundo rodado do meu pneu, eu o via se aproximando, vindo de encontro a mim. Reduzi a mínima velocidade o máximo que podia, mas ele... POW!, bateu no meu vidro da frente. Foi como se tivesse me atingido também. Olhei desesperadamente no retrovisor para ver se o urubu havia morrido e se o carro de trás estava acompanhamento a carnificina toda... Não. O bicho saiu voando normalmente e nem incomodou o outro motorista. Logo fui olhar para o meu vidro, temendo uma rachadura pela pancada. Também não. Intacto. Mas o desgraçado deixou uma marca nojenta (ainda mais para uma vegetariana) bem à minha direita: um pedaço de carne do cachorro que ele estava comendo ali, no meu vidro.
Cena de filme do David Lynch.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

If.

Se eu não fosse eu, não seria assim, tão tão...
Eu sei, é um pensamento vão, vão...

Talvez fosse ótimo não ter de aturar as minhas próprias angústias. Viver sem as dúvidas e problemas que me afligem no fundo do meu umbigo, quando estou só comigo. Sem aquela dor que é bem minha, bem sozinha...

Sim, porque o que me atinge talvez não atinja o outro do mesmo jeito. Aliás, raramente esta sintonia acontece. É você que, realmente, se esclarece.

Ter outra vida, outra dinâmica, outros vícios, mitos... Ou simplesmente me importar com outras coisas, focar em outro tipo de prioridade, outras formas de maldade...

Trabalhar em um horário diferente, ter outras pessoas, com cheiros e barulhos incomuns. Ter escolhido outro caminho, outras paixões e profissões. Talvez em outro lugar, outra cultura, outra moldura.

Como seria a vida se a gente não fosse a gente?

EpifaniaNews


Londrina, 5 graus.
Na UEL, um pouco menos.

No centro físico e das discussões daqui, um problema tipicamente italiano: os pombos que estão overpopulating a cidade paranaense e transmitindo doenças. Parece que as aves até já fizeram uma vítima: um homem que trabalhava perto do calçadão e morreu de uma infecção com nome complicada. A condenação dos criminosos parece ser a aprovação geral e irrestrita da opinião pública daqui (inclusive do IBAMA), de tirar os pombos da cidade. Exterminando, castrando ou até cortando as árvores - ainda se discute a saída. Se em Roma a convivência com pombos é quase pacífica e turística, por que tanta agressividade aqui, na Londres tropical?

Duas notícias ouvidas nas rádios do interior paulista, nas estradas. Primeiro, que o Ottô fez show na Virada Paulista em Bauru. A locutora falou Ottô, e eu, de tão revoltada, demorei para perceber que era o Otto. A segunda pérola veio de uma rádio perto de Ourinhos: um senhor que apresentava um programa de flash back, com aquelas músicas da “dança de vassoura” dos anos 70/80 (motivo de eu estar ouvindo), e ele simplesmente falou de um evento que iria ocorrer dia 32 de maio! Gente, é sério, ele repetiu: dia 32 de maio!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Serra, serra, serrador


Ele proibiu o cigarro e, agora, o vinho quente e o quentão nas festas juninas de escolas. Não importa se a “escola”, no caso, é a Unesp, a USC, a Unicamp, a USP (que tem festas tradicionais). Aquele aquecedor interno em forma de bebida, quente e relaxante, que acompanha tão bem o clima da fogueira de São João, acabou.
Depois da lei antifumo que Serra criou, virão os policiais anti-tradição?

Neste final de semana, teve blitz em Bauru para “orientar” quem estava fumando nos bares. Uma Kombi da Vigilância Sanitária (olha isso!) intimidou quem estava com cigarro na mão, na bolsa ou na boca.
Ah, tá, vão dizer que na Europa é assim. Quem conhece a Europa sabe que todas as cidades tem ótimos e lindos parques onde os fumantes podem exercer seu direito livremente (já que o cigarro, em si, não é proibido em nenhum lugar do mundo). Como fazer isso em Bauru? Combinar de tomar um vinho com meus amigos fumantes no Bosque da Comunidade?

Daqui a pouco, Serra vai querer regulamentar, de alguma forma, o sexo. Tenho certeza.
Algo bem burocrático: você vai ter de preencher uma ficha enooorme antes de entrar em um motel, ou mesmo passar pelo sexômetro antes de conseguir uma suíte. Quem sabe ele não estabeleça uma freqüência mínima/máxima de atividade sexual obrigatória para os casais paulistas?

Só não sei aonde o governador-serrador quer chegar.