sexta-feira, 28 de novembro de 2008

minha intuição estava certa...

pena que uma notícia ruim vem querer estragar um momento tão especial...

mas eu já esperava.

agora é correr e fazer o que já fiz antes: achar um lugar para mim.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Reflexões de final de tese

- não termina, gente. simplesmente não tem fim!

- por que não pode ter citações longas na introdução e nas considerações finais? eu quero! o Bourdieu quer!

- eu empaco. estaciono feito uma mula em uma página, e, depois de 20 minutos paralisantes, disparo, galopo, digitando quase sem pensar.

- será que rola um transplante de mãos? estou detonando as minhas, coitadas...

- quem lê tanta nota de rodapé?

- café e cigarro e suco de açaí e chocolate e coca-cola zero. muita água. e vinho para (tentar) relaxar.

- alguém sabe fazer o tal Sumário? parece que o word tem uma ferramenta que eu procuro, procuro, mas não acho na minha caixinha de conhecimentos de informática.

- e vem, e vai, e volta... bibliografia, fontes, notas, citações, capítulo 1, 2.3.2, epígrafes, insere imagem, faz back-up, salva, salve-se!!! e não termina! não termina!

- uma vontade de juntar todas as pessoas que eu adoro para contar as histórias do Pasquim...

- continuo me chocando com as mulheres daquela época, com Leila Diniz...

- acho que não vai dar nem para ir ver a Márcia Tiburi no Café Filosófico de sexta-feira...

- achei as epígrafes bonitas.... Chico Buarque na abertura de cada capítulo, com "Rosa-dos-Ventos", "Cordão" e "Cálice". Na introdução e nas considerações finais, Drummond: "Certas Palavras" e "Nosso Tempo" (sugestão do Fá).

- sentimento de frustração: impossível dar conta do Pasquim durante a censura militar em uma tese.

- sentimento de amor: passei da paixão desvairada pelo jornal e por seus jornalistas, para amá-los como eles são. defeitos e virtudes. até que a morte nos separe.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Millôr

Ele é o cara. Nasceu em 1923, gente! Faz e fez de tudo. Exercita corpo e mente. Esbanja saúde em todo e qualquer sentido.
De 1968 até hoje, ele escreve semanalmente na Veja.
Tenho paixão irracional por ele.

Vai para a minha tia Sônia, escritora e leitora voraz, fã dele.
O artigo foi publicado na edição número 1 do Pasquim, em junho de 1969; Millôr só se uniria a "patota" na segunda edição, junto com Ziraldo.
Uma pequena aula sobre ousadia, escrita coloquial, dilemas da imprensa, do período e da liberdade...

VIDA LONGA A MILLÔR!!!


CARTA (EDITORIAL)

Meu caro Jaguar, você me garante que O PASQUIM vai ser independente. Tá bem, Jaguar. O Claudius, o Tarso, o Prósperi e o Sérgio Cabral também acreditam nisso? Tá bem, Claudius, Tarso, Prósperi e Sérgio. Podem começar a contagem regressiva. Independentemente, com larga experiência no setor, falo de cadeia (perdão, cadeira). Em 1946, trabalhei um ano na revista Papagaio assessorado por J. Rui, Carlos Estevão, Roland e Carlos Thiré. Quando a revista já ia nascendo foi massacrada nas mãos dos parteiros de O Cruzeiro, a quem ela ameaçava com seu psitacismo. Em 1952 consegui publicar cinco números de Voga (“O melhor é o que está em voga”), uma revista no estilo de Veja, que ainda hoje pode ser lida sem vergonha. Morreu de tiro pelas costas dado por dois ou três asseclas de Leão Gondin de Oliveira, coronel do interior pernambucano, promovido por Chateaubriand a diretor dos Diários Associados. Ainda em 1952 (ano próspero) ajudei a fechar o esplêndido Comício (uma longa existência de 20 números) de Rubem Braga e Joel Silveira, onde pestanejaram, ó Deus, suas breves carreiras Antônio Maria e Sérgio Porto. Comício morreu de leucemia administrativa mas teve a redação mais alegre do jornalismo carioca onde só uma coisa era sagrada: a hora de fechar o expediente e abrir o Haig´s. Em 1962, dirigido pelo talento editorial de Paulo Francis e Mauro Faustino na nova fase da Tribuna da Imprensa, comprada então por Nascimento Brito, batemos um verdadeiro recorde: o jornal passou da glória à sepultura em apenas cinco dias. No governo JK, consegui produzir na televisão dois programas de uma série chamada 13 Lições de Um Ignorante... Apesar de mais de cem artigos terem sido publicados contra a interdição (havia falta de assunto na imprensa), “o mais liberal dos governos brasileiros” manteve a proibição até o fim. Em 1964, por motivos “religiosos” (mudaria a igreja ou mudei eu?), fui expulso de O Cruzeiro, onde trabalhava há 25 anos. Em maio de 1964 (data perigosa) ajudado, entre outros, por você, Jaguar, e o Claudios, Eugênio Heirsh, Yllen Kerr, Marina Colassante, Ziraldo e Fortuna, consegui editar oito números do Pif-Paf como revista quinzenal. A revista recebeu dois ou três anúncios, mas assim que saiu, chamada às falas pelo banco – é claro que não esperavam aquelas fotomontagens do banqueiro – pressionada pelo Senhor Chefe de Polícia – é evidente que não gostavam daquelas fotomontagens do governador, foi, por fim, fechada. Fiquei com alguns milhares de cruzeiros novos de dívida e o meu frescobol seriamente abalado.
Se não te basta isso, Jaguar, apostando com você como O Pasquim está cortejando o cano, eu te ofereço cinqüenta casos de cerceamentos meus em teatro, cinema, tevê e jornalismo para cada um caso só que tenha havido contra, por exemplo, digamos, deixa eu pensar, digamos, por exemplo, O Globo. Morou? Foi despejado? Então, deixa eu esclarecer, este primeiro número tem um anúncio da Shell. Pois ainda há bem pouco tempo a revista da Shell me pediu um artigo e não publicou porque escrevi a história de um elefante que brigava com um tigre. E olha que o elefante ganhava, pombas! Honra seja feita, não publicou mas pagou. Só a Shell dá ao seu escritor o máximo.
Em suma, Sérgio Magalhães Jaguaribe, vulgo Jaguar, vai de Banda de Ipanema que é mais melhor. Fazendo O Pasquim vocês vão ter que enfrentar: A) O establishment em geral que, nunca tendo olhado com bons olhos a nossa atividade, agora positivamente não vê nela a menor graça. B) As agências de publicidade, que adoram humor, desde que, naturalmente, ele seja estrangeiro, lá longe, feito pelo MAD, publicado na Playboy ou filmado por Jacques Tati (“Que mordacidade!” “Que mendacidade!” “Que crítica social” “Que sempiternos pífaros!”). C) A Igreja, que depois de uma guinada de 360 graus, é extremamente liberal em tudo que seja dito e feito por ela mesma. D) A família, as Classes Sociais, as Pessoas de Importância, os Quadrados, os Avant-Chatos que se fantasiam de Avant-Garde, etcetera.
Não estou desanimando vocês não, mas uma coisa eu digo: se essa revista for mesmo independente, não dura três meses. Se durar três meses, não é independente. Longa vida a essa revista!

P.S. Não se esqueça daquilo que eu te disse: nós, os humoristas, temos bastante importância pra ser presos e nenhuma pra ser soltos.

Lista de alegrias diárias...

Tenho muita sorte nessa vida mesmo
(ou “estou otimista demais e ninguém me agüenta”...):

- minha mãe fez aniversário e continua maravilhosamente bem. E, gente, desculpa, mas mãe igual a minha é raridade!

- eu sou tia. E tia de uma sobrinha tão única quanto amada. Ela é tudo, nem dá para explicar. Tem as pernas grossinhas feito as minhas. Saudade de doer...

- gosto do que tenho.

- tenho saúde de ferro para algumas coisas. Não pego gripe de jeito nenhum!

- o sorriso e as músicas da Milena, minha irmã, meu puro amor.

- meus olhos são verdes!

- sempre pego coisas boas para assistir no Canal Brasil.

- sou cheia de rituais gostosos que são só meus...

- tenho alunos muito queridos... E só quem é professor sabe o valor do olhar deles.

- não gosto de carne.

- minha cachorra não é desconfiada nem arisca como todos shar-peis... Minha Shú é incrível.

- tenho amizades que me fazem tão feliz... São sorrisos, abraços e palavras que acompanham a gente pelos anos e pelas fases da vida... Fazem toda a diferença.

- prefiro vinho a qualquer outra bebida.

- tenho três pessoas agregadas à família: Roberto me conhece desde os meus cinco anos; a Vi trabalha na casa da minha mãe há mais de 17 anos; e a Sô, que foi morar na casa da minha mãe em 1993, agora, ajuda a cuidar do meu apartamento todo sábado.

- “puxei” para minha mãe!

- engordei, não surtei e adorei!

- sinto que sou bem livre, leve, solta, sincera...

- não acho que trabalho: sou professora porque amo a sala de aula; pesquiso porque amo estudar.

- como pitangas diretamente do pé na rua da minha casa.

- tenho livros incríveis que sempre me salvam de bloqueios de escrita ou de noites de insônia.

- adoro bichos, insetos, tomar chuva e pisar na terra.

- aprendi a ser mais flex comigo.

- gosto de pessoas; mas com limites.

- gargalho sem dó quando assisto CQC, A Grande Família, Friends, Madagascar...

- tenho um ex-marido que só me traz coisas boas. Uma raridade, eu sei, mas não poderia ser diferente com o Má...

- gosto de todas as frutas, todos os legumes, todos os vegetais, todos os temperos, todos os grãos, todas as nozes e castanhas.... Nasceu da terra, eu como!


- canto e danço Frank Sinatra sempre com a minha cachorra...

- pesquiso o Pasquim.


- tem pessoas lindas na minha família... os Neme, principalmente, moram no meu coração.

- meu apartamento é ajeitadinho.

- tenho sonhos... de uma casa melhor, de uma cidade melhor, de um mundo melhor...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O mestre

Dono da arte das palavras, o Chico não cansa de me emocionar.

Todas as músicas são poesias quando lidas sem o som.

Especial atenção a que coloco aqui, e que vai na minha tese também.
Foi composta em 1973, quando eu ainda estava na barriga da minha mãe, no auge da repressão da ditadura militar.

Não vou colocar o refrão para não direcionar a leitura. E para vermos como as frases do Chico abrigam todas as interpretações possíveis....

AMO!


Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta


Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa


De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade


Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça...
CÁLICE (1973), CHICO BUARQUE

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

ODE AO CANALHA!


Cafajestes, um alerta: vocês precisam evoluir porque estão perdendo espaço. Se continuarem com suas mentiras mentirosas, com suas dissimulações e enganações, entraram em extinção por falta de demanda!

As mulheres agora só querem saber de outra categoria: os canalhas. Bem mais sinceros, os canalhas assumem o que são. Dizem claramente: “Quero ficar contigo sempre...!”. “Sou comprometido mas estou louco de tesão por você!”. “Adoro seu vestido! E adoro ser solteiro!”. Não escondem suas contradições: sabem que assim são e até fazem charme disso.

São muito diferentes dos cafajestes. Mentirosos por sobrevivência, dizem que não ligaram porque não sabiam se era para ligar... Alegam que não podem fazer uma coisa por causa de outra coisa... Os “cafas” vivem enrolados, com mil desculpas que justificam tudo. Pelo menos para eles. E para quem entra no jogo.

Acho que os cafajestes só ganham apoio feminino porque nós temos uma poliana aqui dentro, que, às vezes, sabe-se lá como, põe-se pronta a acreditar, entender, compreender e perdoar absolutamente tudo... É doido! Toda mulher relativamente experiente já caiu na lábia de um “cafa”. É natural. Acontece. Acho até que faz bem.

Mas é o canalha que traz, para a mulher, o maior desafio de todos: assumir que a modernidade que exalamos no exterior, que a segurança que adquirimos em várias áreas, chegou, de fato, no estágio emocional.

O canalha é a antítese do cafajeste. Um quer nos domesticar com o mesmo jogo desigual de poder que dominou os relacionamentos amorosos no passado – e que bravamente criticamos em qualquer discussão acadêmica ou de boteco.
O outro quer nos libertar diante de nós mesmas e, principalmente, diante de algo que começamos a conhecer e talvez respeitar: o homem e sua masculinidade.

Eu prefiro os canalhas.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Eu, historiadora

Fui para Assis ontem e mal posso explicar a emoção que tive...

Primeiro: AMO estrada. AMO dirigir na estrada. Acalma tanto...
É herança da minha mãe, que, ainda mocinha, ia para São Paulo com minha tia Sônia. Meu avô sempre foi “prá frentex” quando o assunto era carro. E minha mãe age do mesmo jeito com as filhas: começou a me ensinar a dirigir quando eu fiz 15 anos, e, mesmo falando 29.358 vezes para eu ter sempre cuidado, nunca limitou a minha liberdade de viajar de carro.
É meu luxo.
Detesto viajar de ônibus.

O caminho para Assis já faz parte da minha rota desde que minha irmã se mudou para Londrina. Foi só em 2002, com a Lú Linda, que curti a estrada semanalmente: dei aulas na Fema um ano, em idas e vindas de muito aprendizado com a fotógrafa de olhar instigante e amizade orgânica.

Foi neste ano que conheci o campus da UNESP, construído pelo Niemeyer, onde Antônio Cândido ministrou aulas que se transformaram em livros...
Paixão à primeira ida.
Era lá que eu faria doutorado.

E fiz.
Ainda não acredito, mas fiz.
Entreguei a minha última matrícula como doutoranda ontem. E recebi um elogio da minha orientadora que me fez delirar... Um elogio da Zélia é quase um atestado oficial de competência.

Quatro anos!
Quatro anos!!
Quatro anos!!!
Quatro anos passaram, foram, voaram, entre o longo processo seletivo, as disciplinas que exigiam leituras absurdamente pesadas toda semana, a liberação da bolsa da CAPES, minha qualificação e, agora, a finalização...

O doutorado é engraçado... No começo, você pira. Se teimar em ler o livro do Umberto Eco, “Como se faz uma Tese”, quase desiste. Todas as exigências, toda a inovação, toda a pesquisa... Tudo com mil discussões e teorias que guiam e cercam o objeto de pesquisa como se ele pudesse nos escapar...
E eu sei que ele escapa.
Fiquei com medo.

Hoje entendo o que significa tornar-se doutor. É quando você começa a escrever automaticamente com fundamentação. É quando as opções, metodologias e teorias brotam, a partir do objeto de pesquisa, na sua cabeça - e fazem sentido. Vão nascendo, como se fossem caminhos naturais, como se você tivesse de fato incorporado aqueles valores.

A minha orientadora, que já é uma livre-docente, exige de todos a mesma dedicação que ela tem na pesquisa.
Eu admiro.
E temo.

Olhar para a Zélia já é, por si só, uma cobrança! Nas aulas, ela é uma professora das melhores: grandes aulas e altas discussões. Zélia não tem problema em falar, para um aluno que esteja fazendo comentários impertinentes, que aquilo não é pertinente!

Não me lembro bem os motivos de ter escolhido a Zélia. Sabia que ela era das mais exigentes de lá... Pensei até no Sergio, um anarquista que é quase lenda na UNESP, e que depois faria parte da minha banca da qualificação. Mas algo me puxou para a Zélia – e olha que o foco da pesquisa dela nem é a censura.

Zélia me aceitou como orientanda, “apesar” de eu ser jornalista!
Ela quase desistiu de mim quando fui trabalhar no Bom Dia. Dizia: “o jornal vai te engolir”. E eu, sempre ingênua, acreditava que era possível casar doutorado e jornalismo diário, pautas e Bourdieus, Zélia e Márcio ABC...

Impossível, e Zélia deu seu ultimato: “ou eu ou o jornal”!
Nem precisei pensar direito, apesar de saber o sofrimento que enfrentaria em deixar um jornal que era “meu”.

Zélia também não desistiu de mim quando fiquei doente. Por mais que já havia perdido muito tempo da pesquisa, a orientadora virou mãezona.

Mas foi quando a CAPES liberou minha bolsa, e com isso me deu um prazo de dois meses para a qualificação, que eu vi o que a Zélia falava.
Precisa casar-se com o objeto de pesquisa para que, dele, nasçam frutos vitaminados.

Acho que foi aí que comecei a virar historiadora.

Fechando o ciclo, percebo que aprendi mais do que sei. Aprendi mais do que imaginava, porque o que se ganha neste processo não é só um título ou uma tese bem argumentada.
Ganha-se segurança e um olhar de historiadora.

E me tornei uma pessoa ainda mais feliz.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

o beco com saída

PESADELO
(Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro)
Quando um muro separa, uma ponte une.
Se a vingança encara, o remorso pune.
Você vem me agarra, alguém vem me solta.
Você vai na marra, e ela um dia volta.
E se a força é tua, ela um dia é nossa.
Olha o muro! Olha a ponte!
Olha o dia de ontem chegando...
Que medo você tem de nós!
Olha aí...
Você corta um verso, eu escrevo outro.
Você me prende vivo, eu escapo morto.
De repente...
Olha eu de novo!
Pertubando a paz, exigindo o troco.
Vamos por aí, eu e o meu cachorro.
Olha um verso, olha o outro.
Olha o velho, olha o moço chegando...
Que medo você tem de nós!
Olha aí...
O muro caiu, olha a ponte!
Da liberdade, guardiã.
O braço do Cristo, o horizonte.
Abraça o dia de amanhã.
Olha aí...

sábado, 8 de novembro de 2008

O trabalho dignifica o homem!

Eu não sei o que acontece naquele lugar.
Eu não entendo.
Ou até estou começando a perceber...

Mas não aceito.
Aquilo não está direito!
Precisaria, mesmo, de um prefeito.
Mas eu não tenho peito.
Não tenho jeito...
Só quero um leito.
Preciso de muito respeito.
É o meu defeito...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A última das melhores...


Última capa do período da censura sob o Pasquim.

Antes de ser publicada, um dos censores ligou para o Jaguar e avisou: "Não precisa mais mandar o material para cá (Brasília). Agora, é com vocês".

Millôr Fernandes deixou o jornal logo depois. Publicou um artigo, nesta mesma edição, ironizando a "liberação" do censor, como se, algum dia, a responsabilidade de publicar o que criavam já não fosse deles... Como se eles nem tivesse sido presos, repreendidos...
A edição de número 300 é uma raridade (infelizmente, não a tenho).
Foi recolhida pelos militares, é claro.
Sem censura?
"Ah, não me façam rir..." (Millôr)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

publicado em 1993

“Pensamento vem de fora
e pensa que vem de dentro,
pensamento que expectora
o que no meu peito penso.

Pensamento a mil por hora,
tormento a todo momento.
Por que é que eu penso agora
sem o meu consentimento?

Se tudo que comemora
tem o seu impedimento,
se tudo aquilo que chora
cresce com o seu fermento;
pensamento, dê o fora,
saia do meu pensamento.

Pensamento, vá embora,
desapareça no vento.
E não jogarei sementes
em cima do seu cimento.”

Livro "Tudos", de Arnaldo Antunes.

sábado, 1 de novembro de 2008

Eu, relativa!

Uma boa companhia faz seis horas passarem a impressão de alguns minutos.
De um assunto, pula-se para o outro, e sem nem concluir nenhum dos dois, lembra-se de um caso, do acaso, da vida, de ontem, de tudo, dos outros... O primeiro assunto volta à tona entre uma risada e outra, e eu já nem sei que horas são.

O horário de verão contribui para perda de noção do tempo. Então, é culpa da economia de energia? Não. E nem mesmo do relógio. É que é muito difícil encontrar pessoas que falam e ouvem, que te fazem rir e pensar ao mesmo tempo, que emocionam e intrigam – às vezes, no mesmo minuto.

Ah, tempo....

Tantas vezes peço para que você corra rapidinho e me leve até o final de uma hora longa, de um encontro inquietante, de uma noite insone, de uma reunião tensa....
E como você me prega esta peça? Muda de rotação e corre rapidinho quando eu nem quero.

Mas, tudo bem. O tempo, quando está apressado, também parece respirar mais forte.
E ir mais longe.

na busca da epígrafe perfeita para minha tese


"Foi o melhor dos tempos e o pior dos tempos,
a idade da sabedoria e da insensatez,
a era da fé e da incredulidade,
a primavera da esperança e o inverno do desespero.
Tínhamos tudo e nada tínhamos."

(Charles Dickens, séc. XIX)
p.s. é linda, mas ainda não é esta...