segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

missing him...

Fez dois anos que ele se foi.
Parece muito, parece que foi ontem, parece que ainda não aconteceu.

Quando estamos lá, na piscina, alguns barulhos me fazem pensar que ele vai entrar com seu carro, beijar nossa testa, comentar nossa cor de esmalte, oferecer alguma coisa, rir com a gente, demonstrar alguma insatisfação sobre uma notícia, ser sincero e gentil ao mesmo tempo...

Flávio era assim.
Intenso, sempre estava apaixonado por alguma coisa: um texto, uma idéia, uma palestra, uma festa, um projeto. E gostava de dividir tudo comigo, ouvir minha opinião... Nós conversávamos muito.

Ele foi literalmente um step-father para mim: me aconselhou, me ajudou, me apoiou tantas vezes, brigava comigo, fazia as pazes comigo, foi meu fiador, me abraçava como ninguém...
Com certeza, era mais que um “tio”; era praticamente um pai.

Aí, veio o jornal, e ele virou meu diretor. Que luxo ter o de Angelis todo dia ali, tentando nos proteger em tantas situações adversas de uma redação diária. Mesmo nos plantões, nos domingos à tarde, ele passava por lá fazendo sua caminhada. Vinha no canto da minha mesa e perguntava: “Está tudo bem? Vocês precisam de alguma coisa? Já estão fechando? Você almoçou?”.

Era o chefe de coração grande, de várias reuniões, que emprestava seu carro para nossas reportagens urgentes e que efetivamente lia o jornal; era transparente, escorpião, sincero, brigão e nos respeitava como ninguém.
Éramos uma família ali, mas ele já era a minha há muito tempo.

Hoje, chorei a saudade dele na minha vida.
Em um mundo de tantas pessoas descartáveis e não-recicláveis, tem gente que é, sim, insubstituível.

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