quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Tô brava



Agora, as crianças especiais devem frequentar escolas regulares para estimular a inclusão. Com certeza, a autora do projeto do Ministério da Educação (que dizem ser londrinense) não tem filhos nem parentes portadores de deficiência. Acho até que a bandida nunca deve ter pisado em uma APAE para saber que essa possibilidade não existe para a maioria – a megamaioria. Vamos além: o que será feito com todos os profissionais que trabalham nesse modelo de escola especial, e quais são as escolas públicas preparadas para atender as crianças? Sim, porque muitas vão passar a vida toda deliciosamente na infância.
Minha irmã é um caso. Tem 37 anos e um jeitinho de menininha que sempre nos surpreende com uma nova palavra, uma nova mania... Apesar de ser bastante independente, Milena morre de medo de andar em lugares desconhecidos sem o apoio de alguém, já que ela não enxerga de um olho. Mas, como é corajosa e saideira, segura forte na mão de quem estiver junto e mete bronca. Vai até de ônibus com os colegas downs e com deficiências variadas, até a APAE, o que lhe garante uma autonomia sem comparação. Duas assistentes carinhosíssimas cuidam dos alunos durante o trajeto.
E é na APAE, e somente lá, que Mi sempre foi acolhida como a linda aluna especial que é. Freqüentou escolas particulares horríveis e sempre voltou para a APAE - desde 1986. Nunca fui de vangloriar os aprendizados escolares, até porque eles não existem, mas é na aula que Milena faz amizade, convive, briga, participa de festas juninas, de fim de ano, do dia das crianças... São várias professoras entre pedagogas, psicólogas, fonoaudiólogas, fisioterapeutas. Só na sala dela são umas três ou quatro para, no máximo, dez estudantes.
Queria saber qual escola regular vai oferecer isso a algum aluno especial. Até porque, os que não precisam de toda essa atenção já estão há tempos nesse esquema de inclusão. E, sobre isso, quem legisla é a mãe, a escola e a dinâmica que se estabelece entre as diferenças.

Para Mileninha e sua tchurma, não é o fim da APAE, apenas.
É o término da vida escolar e de uma independência social e afetiva que eles tem entre eles. E que, quem não entende, deveria calar a boca. Pura e simplesmente.

2 comentários:

Anônimo disse...

Amei a foto, amiga!!
Amei o texto!!!
A Milena é privilegiada por ter uma irmã como você a uma mãe como a Tia Norma...

I love you!!

beijos

Anônimo disse...

Concordo plenamente!!!
Sds de vc.