sexta-feira, 16 de abril de 2010

Londrina.36


Foi meu primeiro aniversário na nova cidade – cada vez mais, a minha casa. E foi incrível. Acordei inexplicavelmente feliz – e a falta de motivos para isso era porque precisava recolher exame de sangue para meu novo contrato com a UEL. E precisava madrugar, já que ainda me movo muito mal naquele campus sem fim. Mas tinha um presente na minha porta: a vizinha Ge, tão querida, deixou um tinto argentino Navarro Correas Ultra, trivarietal. Garrafa bojuda, com caixa estruturada e a explicação de que ele é dedicado ao prazer. Guardei para a inauguração do novo apê.
O banho foi ainda mais feliz, o frio com sol estava belíssimo, e eu nem demorei tanto para achar o HC para sugar meu sangue. Detalhe: o bom humor resistiu à vontade quase incontrolável de encher minha boca de café, cappuccino, água! Alguém precisa inventar reagentes para os exames não precisarem de jejum. Acho desumano ficar 12 horas sem nada. O curioso é que, pelo que me lembro, em São Paulo, acho que são 10 horas sem comer e 7 sem tomar água, algo assim.
Enfim, peguei a senha 19 e percebi que estavam no 10. Depois de uns poucos minutos, engatei de conversar com a senha número 15, sentada ao meu lado direito. Professora de química. Depois engatei um papo com a estudante de pós que lia textos de sociologia à minha esquerda. Texto de esquerda, claro. E ela era de Bauru! Quando olho, uma moça acenando alegremente pra mim. Retribuí com cara de dúvida, claro, e ela logo veio esclarecer que achava que era eu era minha irmã. Ainda somos confundidas por aqui – parece que voltei para a época da Plenty com BTC, quando eu e Mirelle éramos quase idênticas.
Voltando à sala de espera, mesmo batendo papo, aquilo não tinha fim. Um médico veio conversar e eu logo avisei para ele tirar aquele café de perto de mim para evitar cenas Tarantinescas. Eu quase avancei no cara, de verdade. Finalmente me chamaram. A enfermeira, assim que olhou o agendamento do exame para 09/04/2010 e minha data de nascimento 09/04/1974, começou a rir... “É seu aniversário, e você veio fazer exame?”. Mas o pior já havia passado porque eu até gosto de ver as ampolas saindo. E foram 3 grandonas e 2 pequenas. Lembrei do Tru Blood, seriado vampirescamente delicioso que conheci no final do ano passado e que está na segunda temporada. Acho bonita a cor do meu sangue vegetariano. Dizem que é mais doce pela falta de toxinas.
Mas doce mesmo estava aquele café fraquinho do HC. Tomei assim mesmo e fui correndo para o Caramelo tomar um café Caramelo, artisticamente elaborado pelo Luciano. Ge parou lá para tomar um café comigo. Voltei para casa fazer curativo na cachorra que quebrou feio a unha. Minha mãe ligou e meu anjinho Milena cantou parabéns pra mim – e é a cantoria mais bonita do mundo com o jeitinho dela...
Fui almoçar com irmã e sobrinha em um restaurante especial: o Villa Fontana. O nhoque de mandioquinha com creme de gorgonzola foi de chorar. Acho que o melhor da minha vida, de verdade. A receita foi mudada pela vegetariana aqui; a original tinha tiras de filé mignon, que enriqueceram o prato da Mirelle.
De lá fui fazer unha – necessário. Voltei, conversei com o pessoal do prédio, desci com a Shú para tirar o lixo, ela correu com sua atadura pelo estacionamento, banho e UEL. Nas duas primeiras aulas, a turma já tinha um exercício de texto agendado. De repente, eles começam a cantar parabéns. Uns figuras que conheci este ano. Nas duas últimas, era minha turminha já conhecida, a turma do Radiojornal do ano passado, que estão encarando as Teorias de Jornalismo comigo agora, e que estão sempre muito próximos de mim. Fizemos até amigo secreto ano passado.
Eles já chegaram com caixas de salgadinhos e refri. Só eles mesmo. Grande parte da aula virou festa com direito até da presença do seu Luiz, grande seu Luiz, secretário do nosso departamento que tem olhos do Chico Buarque e é amado por todos.
Teve discurso, muita gargalhada, fotos, vídeos... Tudo, menos teoria. Prática acadêmica no melhor sentido da palavra. Voltei com três alunos de carona: Fabrício, Allan e Guilherme. A cidade estava eufórica – como eu.

No sábado, o aniversário estava marcado para Bauru, junto com meus amores que são muitos. Mas foi em Londrina que comecei meus 36 anos, meu novo ano, na cidade que ainda é nova pra mim, com gente sempre nova, lugares diferentes, outras sensações. Uma coisa eu tenho certeza: a idade ajuda a gente aproveitar melhor as oportunidades que o mundo sempre nos oferece. Idade traz calma. Traz uma urgência calma. Talvez aguce o discernimento. Sofre-se menos, eu acho. Mas usa-se mais cremes, com certeza.

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