terça-feira, 24 de março de 2009

Eu, meio veggie, meio Saramago

Ontem, saí da faculdade com tanta fome que cheguei em casa, logo comecei a cozinhar e, na minha obsessão por abobrinha, decidi fazê-la na frigideira porque queria algo mais rápido, mas, ao vira-la, toquei fortemente meu dedo no azeite quente, de forma a praticamente fritá-lo, e senti uma dor absurda que só foi sanada com um copo de água com gelo, onde deixei meu dedo imerso e praticamente congelado por um tempo, até que, ao tirá-los por alguns segundos, e eles começarem a descongelar, voltava a dor insuportável da queimadura, e eu não pude deixar de pensar em como alguns bichos vivos sofrem sofrimento similar simplesmente para chegarem aos pratos ricos que exigem a dor intensa, o sangramento angustiante dos porcos, o engordar dos gansos e dos bezerros, o mergulho na água quente das lagostas, a vida maltratada de algumas “produções” em nome de um prazer tão efêmero quanto substituível, já que carrega uma carga de sofrimento inquestionável, desnecessária e cruel, e é justamente por isso que eu prefiro as abobrinhas que, no máximo, podem nos levar ao dedo queimado e mostrar que a carne é, sim, viva.

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