terça-feira, 15 de junho de 2010

Paixão e/de/no/pelo futebol

Adoro futebol. Entendo pouco, mas tenho orgulho, porque sei que evoluí muito nos últimos mundiais. Mas queria ser homem só para saber a escalação da Copa de 70 de cor. Não sei, e, como mulherzinha, me contento em curtir o Corinthians, ler o Lance! e xingar o juiz. De boca cheia.

Nas Copas do Mundo, o clima é outro. Já fui mais animada e nacionalista. Me vestia toda de verde e amarelo – meio ridícula, devo admitir – mas não sabia picas. No mundial de 90, tinha uma grande turma que fazia uma festa por jogo – e, depois, a comemoração era no BB Batatas. Eu tinha uns 16 aninhos, e nem imaginava o que era um impedimento. Mas foi ali, em uma das comemorações, que eu me apaixonei pela primeira vez.

Já na Copa de 94, eu estava no primeiro ano da faculdade de jornalismo na Unesp. Namorava o Mário, e todas as minhas amigas tinham namorados “firmes”, como o meu. Nos reuníamos, geralmente na Paola, e era muita pipoca, cerveja e caipirinhas. Ganhamos da Itália, mas eu ainda não entendia o lance das prorrogações e as regras que nos levaram à vitória. Mas adorei os pênaltis – fáceis de entender.

Já em 98, a felicidade plena. Estava em Nova York, e assisti aos jogos em diferentes situações – todas nos bares da cidade. Um deles foi com o pessoal do Manhattan Connection; outro, foi com a Dany Gorla que estava me visitando; no outro, fui com o holandês que acabou virando meu namorado ali, entre um gol e outro, me acompanhando até na vitória do Brasil com a Holanda. Mas, na final, lembro até hoje: fui sozinha em um bar que amava, na rua 14, e só depois de alguns minutos de jogo percebi que só tinha francês. Voltei para casa, eu e minha camisa brasileira, ouvindo todos me dizendo: “not a good Day to Brazil”, “what a pitty”, “too bad today”, “what the hell happened?”....

Superei a frustração e fui com tudo para a Copa de 2002, também marcante para mim. Assisti grande parte dos jogos na estrada, porque dava aulas em Sumaré (região de Campinas) e Assis. E que delícia é ouvir jogos no rádio! Foi ali que despertei essa paixão. E, quando o Brasil fazia gol, era um tal de todo mundo buzinar que a estrada virava festa, com todo mundo correndo, no máximo, 80km/hora. Até parei em um posto cheio de caminheiros, no jogo com a China, que foi de goleada, para vibrar com os trabalhadores que não podem estar em casa nessa hora. Gostei mais do que a final – que assisti em casa, com meu marido na época.

Quando chegou 2006, eu atingi meu ápice dos mundiais. Grande parte dos jogos eu vi na redação do BOM DIA, com a turminha de melhores jornalistas com quem trabalhei. Meia hora antes do jogo, o povo já começava a estourar pipoca e buscar a cerveja no boteco do lado. Fora os bolões que rolavam entre todos – eu ganhei uns quase 200 paus só no chute. E ainda tinha a coluna do jornal em que todas as mulheres da redação escreviam: “Lugar de mulher é na Copa” (usado pelo canal GNT neste mundial). Adorava escrever. E,quando não estava na redação, quando tinha uma folga, assistia em casa, com o namorado João, por quem eu era absolutamente apaixonada. Brasil perdeu, mas eu ganhei muito nesta Copa: aprendi a pensar uma cobertura jornalística local para o evento mundial, vi jogos bonitos com gente que eu amava, e acumulei histórias.

O que será de 2010?
Em Londrina. Na UEL. Radiojornal e a cobertura. Copa no meio do Filo e fechamento de semestre. Primeiro mundial da Shú, que odeia fogos e cornetas. E a minha mãe com três costelas quebradas em Bauru por dois meses. Complicadíssimo.

Em termos de torcida, tô contra. Não acho que o Brasil deva ganhar, de verdade. Tem eleição, uma eleição importante e que poucos tem discutido com profundidade. Governo do Estado. De SP e PR – e os dois me importam. Senadores, deputados e uma(um) presidente. Para mim, é meio que como a Copa de 70, quando a euforia mascarou um processo político nojento. No caso de agora, 2010, não é grotesco assim, claro. Mas já tem muita purpurina rolando. Lula é o cara, o político do ano, Brasil cresceu, cresce, vai crescer, já vamos ter Copa, Olimpíada etc e mais. Eu até que gosto do Dunga, acho ele merecedor, mas não consigo ter simpatia alguma pelo Kaká e só critico o fato de não ter nem um mísero jogador corintiano na seleção.
Na boa, e dentro dos limites da minha relação apaixonada e ignorante pelo futebol, a pergunta é: se é para levar o evangélico-virgem-contundido do Real Madrid, leva meu gordinho mais lindo, o artilheiro de todas as Copas, o fenômeno, humano, mas que faz, que impõe, que é inteligente como poucos e respeitado fora do Brasil. Aqui, não. Vale mais o bonitinho que vai ver quanto tempo consegue jogar. Sinceramente. Torço para Inglaterra e Argentina. Só porque é bom a gente ter pé no chão e querer manter o país evoluindo. A bola da vez precisa se manter na jogada – não deslumbrada pelas comemorações.

Ps. O primeiro jogo começou agora. Meu coração está disparado e já quero ganhar. Vai Robinho, pedala! Que merda ser brasileira! Não há racionalidade que resista.

Um comentário:

Anônimo disse...

AMEI O TEXTO, AMIGA LINDA!!!!
QUE ORGULHO DE VC, SEMPRE!!!!

LOVE YOU!!
BEIJOS