sábado, 16 de julho de 2011

PY!


Saí de Londrina numa quarta para, dois dias depois, ir visitar Vanessa & Cia no Paraguai. Ao chegar em Bauru, um aviso da Tam sobre mudança do meu voo de volta: no lugar de pegar, em Guarulhos mesmo, um avião para o interior paulista, teria de me deslocar até Congonhas. Beleza – probleminha menor. Na quinta, sim, veio a bomba: Pantanal cancelou os voos saindo de Bauru. A informante me disse que eles teriam uma van, mas que aí não daria certo com a outra voada até Assunção. Liguei para os amigos/motoristas, mas nenhum podia me levar mais cedo pro aeroporto. Reservei, por via das dúvidas, os voos da noite. Mas fui para o site do Expresso de Prata e, ligando para a Vanessa, chegamos ao melhor: ir de busão até Barra Funda, as 5h da matina, num frio da porra (não tem outra expressão para o congelamento pelo qual passei), e depois com Luciano, taxista gente boa, para Guarulhos e pronto. Check in, cafezinho, cigarrinho e embarque. Indolor e prazeroso.

Havia 10 anos que eu não saía do Brasil. Não sabia que, agora, tem um DutyFree InFlight. A aeromoça, depois de servido o almoço, passa com um catálogo de perfumes, cosméticos e até cigarros/charutos/cachimbos. Depois, vem com aquele carrinho, entregando produtos, passando o cartão de crédito...

Desci em Assunção no final da tarde, e Neri (taxista amigo de Vanessa) estava me aguardando com uma plaquinha: Márcia Neme. Uma simpatia o cara – já foi me explicando tudo da cidade e passando um pouco do sentimento que depois só se confirmaria: paraguaios são nacionalistas – e um tanto ressentidos com o Brasil.

Chegar na Van foi mágico. Somos amigas desde nossos 14 anos – sim, são 23 anos de amizade que teimou mesmo na distância, e que hoje, talvez, seja mais forte do que nunca. Diplomata, mora em Assunção há dois anos com Fernando, antropólogo que merece minha amiga, e seus dois filhotes: Caio e Nuno. Não nos víamos há dois anos e não convivíamos assim desde Londres, quando ela foi me visitar, em 2001...

Assim que encontrei Vanessa, foi como se estivéssemos sempre juntas. O contato com os dois guris mais lindos foi crescendo a cada momento. Eles são adoráveis, admiráveis, energéticos e carinhosos de doer no olhar. Me apaixonei de cara pelos dois. Com 3 aninhos, transpiram emoção.

Eu e Van saímos na sexta à noite, like old friends do. Uma volta no centro antigo, liiiindo, cheio de prédios históricos e muitas bandeiras e homenagens aos Bicentenário da Libertação do Paraguai. Eu amei. Cidade cheia de árvores, de parques, de água, de gente simpática, de cafés e vinhos... Bom, Van já havia programado de irmos a um restaurante/bar charmoso, cheio de mesas ao céu aberto – e o garçom ainda coloca um carvão quente para aquecer nossos pés. Beliscamos, conversamos horrores e voltamos felizes para curtir o sábado de manhã – depois, estaríamos só Van, eu e os dois meninos!

Acordamos e fomos para um café, o El Café de Acá, charmosíssimo e com uma tapioca paraguaia com queijo divina. Senti que o sábado de manhã, em Assunção, também é gostoso. Comprinhas de supermercado e voltamos para o delicioso apartamento da Vanessa.

Fui fazer babaganush com os meninos de ajudantes. Uma diversão só. E foi assim no domingo e na segunda, quando começou a terminar minha viagem.

Algumas certezas desta voada:

- amiga de verdade é amiga de verdade. E não é pra todo mundo, não. Precisa se esforçar, estar junto, lembrar das histórias e construir novas. E vale muito a pena – como diz Van, amigos são o mel da vida. E eu me sinto abençoada e com uma amizade ainda mais viva.

- brasileiros só pensam em compras no Paraguai. E me pareceu ser bem mais do que isso. Assunção é pequena para uma capital, tem problemas de trânsito e de direitos básicos, mas parece melhorar e ter uma força escondida. Diferentemente da experiência que tive quando fui para Buenos Aires, os paraguaios logo reconheciam que eu era brasileira e facilitavam o portunhol pra mim. Simpatissíssimos, mas nada subalternos. Quando o avião está sobrevoando o país, você vê o tanto de rio que tem lá. Desenvolvimento concentrado e reprimido?

- os filhos de uma grande amiga são meio seus sobrinhos. O vínculo é muito forte, e parece que os bacuris latino-americanos Caio e Nuno perceberam. Aproveitei o máximo que pude desta continuidade da minha amiga. Só faltou o Fernando, pra dividir todas as pequenas enormes emoções que passamos.

- para programar viagens que envolvam aeroportos brasileiros, prepare-se. Primeiro: deixe as conexões mais demoradas para a ida, quando você tem estoque maior de paciência. Na volta, tudo se complica com malas mais pesadas e a falta de sono dos voos das madrugadas. Pedir ajuda para quem sempre viaja é a melhor dica.

- comprei um jornal argentino, chamado N (com til), ou Enie, semanal, só de cultura. Incrível. E mais dois outros paraguaios e argentinos diários. O Enie eu vou seguir: http://www.revistaenie.clarin.com/. Detalhe: todos os jornais – entre paraguaios, argentinos e uruguaios - que vi eram no formato berliner. Nenhum standard.

- o pôr-do-sol de lá é dos melhores, equiparando-se ao de Bauru. Vermelho e colorido, com o azul da noite caindo na sequência...

- temos mais a conhecer aqui, do nosso ladinho, do que sonha nossa vã hipocrisia.

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