quinta-feira, 16 de junho de 2011

O primeiro aniversário



Minha Milena completou 39 aninhos hoje. Teve sorte, a pestinha: foi o dia da festa junina da Apae e, se bem conheço minha irmã, ela deve ter achado que o arraiá todo era pra ela. Pelo que soube à distância, o dia foi delicioso, com direito a visitas queridas e presentinhos que ela adora. Qualquer embrulho a agrada.
Foi o primeiro aniversário dela longe do pai e, depois de quase um ano, ainda não sei como minha bonequinha lida com a morte. Há umas três semanas, ela chamou todo mundo na casa dizendo que o Said estava no quarto. Depois, foi para a porta de entrada e ficou olhando pelo vidro, dizendo: “Entra, pai”.
Ele era extremamente presente da vida da Mica. Quando fui do hospital para a casa da minha mãe buscar a roupa que vestiria meu pai em seu velório, ela veio sedenta para cima de mim porque percebia o clima estranho dos últimos dias. Minha tristeza era tamanha que não consegui lidar com a dor da minha irmã, tão confusa. E a confusão continuou; a tadica ficou meses sem dormir direito e chamando o pai pra jantar. Depois da morte, Mica ficou um pouco mais mimada, um pouco mais birrenta e um tanto mais mandona.
Para mim, Milena se tornou ainda mais importante. Para ela, a vida se tornou mais triste, tenho certeza.



Ps. a foto é dos poucos registros dos dois sozinhos. Foi tirada pelo Mário, meu ex-marido, há exatos 10 anos, quando eu ainda estava em Londres. Detalhe é o cigarrinho de palha do Said. Como herdei a "latinha" dele, vou fazer um, em homenagem à saúde da minha irmã.

Nenhum comentário: