sexta-feira, 3 de abril de 2009

A “minha” cidade


Ando curtindo os bares de Bauru.

No final da tarde, a cidade parece que tem praia. Não é brincadeira, não. O bar do antigo Aeroporto e o Jeribá, principalmente, trazem quase o cheiro do mar. Mas tem os tradicionais botecos de esquinas - típicos de qualquer cidade do estado de São Paulo. Amadeus, oh God, com um cardápio tão bom até para que não come carne. Todas as cervejas, todas geladas, a mandioca cozida no ponto, várias mesinhas com gente passando de carro devagar, chegando, parando... Famílias, casais e muitos homens no happy-hour de interior... E tem o Português, o Bendito Santo (com pinta de carioca), o Salomé....Final de tarde ou sábado na hora do almoço em Bauru: você não vai se arrepender. Pura curtição de interior.

Mas a alegria também se estende para a noite. Bares e restaurantes que fazem parte da história daqui - e da minha. Ando frequentando dois lugares em especial. O Templo tem tudo que eu gosto: vinho, cultura brasileira (aqueles quadros do Chico me piram...), as melhores massas da cidade (existe comida depois do Talha T?), garçons camaradas, e o dono comandando a cozinha. Também gosto da rigidez daquele lugar. Não aceitam cartão, só fazem alguns filés mal passado, botam pimenta à despeito dos que não admiram, fecham alguns meses do ano, e demoraram anos para trocar as mesas e cadeiras de metal por madeira... Eu amo. Eu ia lá quando ainda comia carne, quando o Templo era ainda só uma casinha. Tem música. Tem jazz e bossa nova. As melhores alcaparras do mundo. E, isso, desde sempre.

O segundo lugar que tenho aproveitado nas noites é o Armazém. Acho que é uma nostalgia de quem sabe que está indo embora... Mas aquele bar é como um ponto de encontro de uma geração de músicos, jornalistas, artistas, ilustradores e simpatizantes... Foi inaugurado em 1980, e eu comecei a frequentar quando eu tinha uns 17 anos. Lembro de mentir para a minha mãe para poder ir no “Arma” – que tinha fama de bar de doidos.
De fato, é. Mas os doidos que lá habitam são criativos e do bem. O Armazém pôde viver anos e anos com banheiros unissex – felizmente, eu vivi esta fase. Mas eu nunca vi nenhuma briga lá . Fui com quase todos os meus namorados, e foi a única balada, até hoje, que eu encarei sozinha, sem o menor receio. Paulão e Valéria, os donos, garantem a integridade e originalidade do lugar. É lá que será a comemoração do meu aniversário, na próxima quinta-feira. Até minha mãe vai. E todos estão convidados.

Tento aproveitar, porque, daqui algumas semanas, começo uma nova rotina de viagens. Ficarei em Bauru somente de quarta à sexta-feira, quando vou para Londrina dar aula. Já vivi essa coisa de passar um tempo na estrada toda semana, mas agora não estarei aqui mais aos finais de semana – quando realmente aproveito alguma coisa da cidade com nome de sanduíche. Também é quando aproveito para cozinhar, só eu, minha mãe e a Milena...
A parte boa será poder ir buscar minha sobrinha na escola, lá em Londrina, ou sair para tomar um sorvete, só eu e ela... Para uma tia saudosa, que nunca pôde conviver desse jeito com minha boneca, é o paraíso.

Sei que só agora consigo dizer que Bauru é minha cidade.
O apego é a véspera do desprendimento.

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