Desde que cheguei aqui, percebi um fenômeno estranho. Com exceção da trava da porta de casa, todas as chaves parecem entrar em todos os buracos. Para abrir a minha casa, todas cabem na fechadura. Na porta do prédio, também. Elas entram, mas apenas uma, de fato, gira totalmente e abre.
Só posso acreditar que isso faz parte do magnetismo desta cidade. Ela recebe a gente como nenhuma outra. E, como todos aqui são abertos, felizes e satisfeitos (tenho certeza de que eles botam Prozac na água – mesmo!), os elementos mais materiais – como as fechaduras e chaves - também se contaminam com o clima.
Esta receptividade por parte das fechaduras não foi exclusividade do meu prédio. Também ocorreu na UEL! Duas aulas minhas são dentro do laboratório de impresso e de foto. Sigo aquela rotina de pegar a chave com o pessoal do departamento e ter de rodar cada uma delas para ver qual quer abrir a minha porta.
Uma a uma, elas todas entram e elas todas tentam. As chaves daqui gostam disso: de adentrar o buraco negro, dar uma rodopiada e sair da fechadura, como se fosse uma brincadeira de mal-me-quer bem-me-quer.
Quando roda, gira 90, 120, 280 e, enfim, 360, 720 graus no buraco mais perfeito para sua anatomia, ela tropeça de felicidade, continua e atinge o ponto mais prazeroso, o final do caminho, a porta de luz.
Quando roda, gira 90, 120, 280 e, enfim, 360, 720 graus no buraco mais perfeito para sua anatomia, ela tropeça de felicidade, continua e atinge o ponto mais prazeroso, o final do caminho, a porta de luz.
Um comentário:
se as chaves se encaixam e as portas se abrem, qualquer dificuldade fica pequena, né? um beijo.
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