quinta-feira, 30 de julho de 2009

De noite na cama


Tenho tido sonhos meio cubistas, meio surrealistas, meio psicanalistas. Sonhei que estava visitando uma pessoa no hospital. Depois, estava comendo uma picanha mal passada. Outra noite, corri em uma maratona e fiquei molhada. Também já estive doente e grávida por estas noites (acho que foi quando comi carne). Sonhei com pessoas e lugares que não se combinam, no futuro e no pretérito imperfeito. Vivi aquela sensação estranha de estar flutuando e, de repente, cair na cama, como se voltasse para o próprio corpo. Acordo nervosa, agitada, como se tivesse saído de uma sala onde estava sendo julgada; como se tivesse tomado 20 expressos. Se consigo voltar a dormir, pumba, outro sonho Guernica. E ele vem com tudo, já no meio da trama, sem preâmbulos ou introduções. Só pode ter uma causa: minha vida consciente está tão boa que meu inconsciente está precisando de um pouco de problema ou querendo trazer alguns de volta.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Fidibequi


Vou pagar pau para a empresa que me levou até a capital. Amei. Ônibus incrível, com assentos praticamente exclusivos (os da frente, no andar de baixo), um friozinho bom demais, água gelada, café gostoso, “comissário de bordo” (homem). Na volta para Bauru, tinha até uma maltês com sua dona...

E rolou filminho também! Na ida, morri de rir do non-sense: Mágico de Oz e Alice no País das Maravilhas, em desenho, embora o barato da coisa mesmo veio no retorno para Bauru. Estrategicamente, ao chegar na estrada, começou “Simplesmente Martha”, filme que mostra, basicamente, comida, culinária, pasta, parmesão... Quando terminou a exibição, todo mundo já estava quase comendo o copinho de isopor do café quando chegamos ao bem-servido Rodoserv, que é do mesmo grupo da empresa rodoviária. Providencial o cine-aperitivo, não?

Foi delicioso não estar sob controle algum no meu bate-e-volta para São Paulo. Motorista dirigiu, e os dois taxistas me levaram de lá pra cá. E os dois eram bem bacanas: Carlos e Seu Antônio. Aliás, só cruzei gente boa e troquei ideias pelo caminho inteiro. A Barra Funda também é toda estruturada. Tem muita coisa, vários lugares, e eu me senti confortável andando por ali.

Sobre a leitura: a Rolling Stone do Ronaldo não vale a pena (a sustância da revista não está proporcional ao seu peso e preço), a Piauí com a Dilma não coube na minha bolsa (eita revistinha alta), comprei e li o Lance! (influência de Rogério e humildade corintiana), o Metro (gratuito) está em vários ambientes (achei nos dois taxis que usei; aliás, alguns oferecem revista também!), na Bravo! ainda vejo coisas boas, e, no Jornal da Tarde, bons textos e ótimas ideias editoriais. Também corrigi matérias dos alunos, e bateu saudade deles e da faculdade... Segunda-feira, voltamos.

Foi ótimo. Foi livre. Foi fácil e produtivo.

Fim de férias
. Que férias? Que férias!

domingo, 26 de julho de 2009

On the bus again


Vou para Sampa de busão na terça, passar pelo meu médico, e lembrei que não pego ônibus para a capital desde 1993, quando morei lá. Na época, a rodoviária era Tietê, meio triste, cheia de retirantes, e eu muito jovem, cheia de malas com meus pequenos pertences. Acho que era, também, uma retirante.
Pouco tempo depois, aprendi a ir de carro e virei até motorista da família. Passei perrengues, chuvas assustadoras, errei caminhos, mas sempre consegui chegar à casa da Vanessa, das minhas tias lindas, aos médicos todos, ao Conjunto Nacional... Estranhamente, acho sempre mais fácil sair do que entrar em São Paulo. Talvez a entrada em qualquer coisa seja mais complicada do que a saída mesmo...

O fato é que faz tempo pacas que eu não viajo em nenhum intermunicipal. A última vez foi em 2002, quando eu e Lú encaramos umas viagens por Marília para chegar até Assis e dar aula, via Andorinha. Mas, quando descobrimos a liberdade do carro, e do caminho por Ourinhos, de sair no sábado cedo depois do longo e delicioso café-da-manhã no hotel São Francisco, esquecemos do transporte público. “16 toneladas”, do Funk Como Le Gusta, tocava até cansar.
O ônibus limita o horário, o silêncio, o som, a companhia, os cigarros. Mas te dá uma outra liberdade, que vou tentar aproveitar nesta viagem. Para São Paulo, já comprei um arsenal: Rolling Stone, com Ronaldo na capa; Bravo!, com Selton Mello; e Piauí, com a Dilma e a não-pauta da morte de Michael.

Vamos lá, Expresso de Prata! Quero ver servir cafezinho feito a propaganda.

sábado, 25 de julho de 2009

5 aninhos

Em junho de 2004, eu morava em uma kitinete perto do Shopping em Bauru. Havia me separado do Má e reconstruía tranquilamente minha vidinha. Aulas na USC e na Unesp, conhecendo o Fabrício e me abrindo para um outro mundo. Varava as madrugadas pesquisando o que seria meu futuro doutorado. Mas foi em uma noite bem dormida que fui acordada com uma notícia que mudaria minha vida. Era quatro da madruga, e meu telefone tocou. Minha mãe, geralmente super ansiosa, dizia calmamente que a bolsa d´água da minha irmã havia estourado. Era Laila, querendo chegar.
Voei para a casa do meu pai, peguei o carro dele e caí na estrada para Londrina. Nunca havia corrido tanto. Sentia que estava protegida. Eu voava imaginando que minha irmã poderia estar sentindo dor, ou que minha sobrinha poderia estar nascendo. Tia de primeira viagem; o trabalho de parto demora bem mais do que os quilômetros que percorri em menos de duas horas e meia.
Pedia com tanta força para um caminhão sair da minha frente que eles literalmente desapareciam. Quando eu ia me aproximando, subitamente os via entrando em um posto, um retorno, outra estrada, uma porteira... Cheguei quase sem ar até a maternidade que eu milagrosamente encontrei de primeira.
Abri a porta do quarto e acalmei, porque Mi estava mais do que tranquila; estava uma palhaça. Quanto mais ela tirava sarro de tudo, mais ria da água que saia dela, e gargalhava depois sozinha sobre isso... Acho que os hormônios deram um certo “barato” na minha irmã. Ficamos a manhã e tarde toda gargalhando naquele quarto, esperando a dilatação necessária que não chegou. Concluímos, um tempo depois, que Laila queria mesmo era ser retirada pelos quatro médicos bonitos que atenderam minha irmã, também gatíssima.
Quando a noite chegou, dr. Ricardo disse que era melhor fazer a cesárea, e já. Minha mãe desesperou. Segurei firme Norma, a abracei e choramos a emoção da espera na frente do vidro do berçário. Achei que demoraria um tanto para o procedimento cirúrgico, mas em poucos minutos entra a enfermeira com Laila aos berros. Falei para minha mãe entrar primeiro para ver sua única neta. Quando Norma saiu do berçário, eu entrei e não acreditava que aquele serzinho era minha sobrinha, minha descendente, meu amor, meu sangue... Cantei Frank Sinatra (I´ve got you under my skin”) para ela lembrar as músicas escutadas na barriga da mãe.
No quarto, Laila logo começou a mamar e eu deixei as três gerações de mulheres que eu amo para ir dormir no apartamento da Mi. Antes, passei no Pátio São Miguel para buscar um vinho. Estava, aliás, começando a me interessar pela bebida. Cheguei, liguei a banheira e brindei sozinha a alegria de ser tia sem saber ao certo o que significaria isso na minha vida.
Hoje, com meia década, vejo uma sobrinha leonina que me ama com um amor que só os sobrinhos podem amar. É forte, visceral, mas também leve. É um companheirismo para o resto da vida que se constrói desde que se nasce, mas que cresce todo santo dia. Temos uma relação de admiração e comunicação que supera qualquer expectativa que eu poderia imaginar naquela noite gelada em Londrina.
Cinco anos e eu estou morando lá, poucas quadras dela, em uma kitinete melhorada, com várias amigas separadas (depois de mim, foi uma por ano; parecia efeito dominó), também levando tranquilamente a vidinha... Aulas na UEL; o doutorado feito e terminado, mas ainda com noites de insônia produtivas. Pouco mais de um mandato presidencial depois, tanta coisa mudou na vida de uma tia coruja.
...
ps. uma consideração sobra a viagem com a minha mãe para Londrina. Norma deveria ser estudada. É de uma inteligência e com uma cabeça tão aberta... Cada vez que pegamos estrada, escutamos apenas uma ou outra música (sempre para cantar ou porque ela quer que eu traduza a letra em inglês). Vamos no bate-papo sem parar, no matter how far. Ela dá oi para os guardas e para os homens de alaranjado que trabalham na estrada com um sorriso lindo. E vai lendo todas as placas! Se deslumbra com os bois, as plantações de milho, os rios Tibagi e Paranapanema. Lembra da família dela, das belas histórias, da nossa infância... Uma alegria só. E é toda vez assim. Bela sobrinha, bela mãe, bela avó.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Minha caricatura?


Não é apenas senso comum, não, esta ideia de que o cachorro fica parecido com o dono. Qualidades e defeitos ficam maximizados nos animais que vivem para e com a gente.

Com Shú, mais ainda, já que ela veio morar comigo há mais de dois anos, quando o doutorado estava entrando na reta final e eu passava quase todas as madrugadas em branco, trabalhando. Ela acostumou comigo, perto de mim, no frio e no calor, na copa, sala ou quarto, e assim continua até hoje, viajando toda semana ao meu lado para Londrina. Uma grande companheira de estrada e o xodó da galera do pedágio, que se amontoa no meu carro para vê-la.

Ansiosa à beça, é Shú quem me leva para passear. Aliás, é só eu pegar o tênis para caminharmos e ela começa a chorar de alegria. Vai correndo para a lavanderia me mostrar onde está a coleira, e me puxa pelas ruas, curiosa feito eu, querendo ver tudo e todos. Se ela tivesse uma profissão, acho que também seria jornaleira.

Shú não pega nada que não seja dela, nem é muito espaçosa. Também é estranhamente higiênica para uma cachorra.

Não dá para dizer se Shú é bonita. Eu a acho linda, sei que chama a atenção, mas tem gente que não compreende a beleza exótica da minha cã, e só a considera “diferente”.

Outro aviso: não adianta chegar perto dela e ir tentando pegá-la, carregá-la, agradá-la forçosamente. Ainda mais quem ela não conhece. Demora um pouco para ela amar de verdade alguém, mas quando acontece, ela se entrega 100%. Faz aquela festa, mostra que a pessoa é muito especial, fica olhando apaixonadamente, segura o sono para continuar ali, pertinho...

Diferentemente dos outros cachorros, minha cã me respeita muito. Ela não faz nada para me desagradar deliberadamente, como alguns poodles ciumentos que eu conheci na vida. E, se me vê brava com ela, prontamente abaixa as orelhas, abana seu rabinho virado para o lado do corpo, e tenta me dar uma lambidinha para pedir perdão. Será que sou tão passiva quanto ela?

Vejo minha chinesinha como um ser bem rígido com ela mesma. E eu tenho esta mesma tendência.

Shú é absolutamente apaixonada por duas pessoas: minha mãe (também, quem não é?) e o Fabrício (nada difícil também, cãzinha...). Quando os pressente, ela se emociona. Chega a sair lágrimas dos olhos pequenos e enrugadíssimos da minha shar-pei.

Mas ela literalmente não dá muita bola para o meu pai ou para qualquer um que não seja fã de animais. Shú não fica insistindo muito em quem não gosta dela, não. Valoriza o amor bem dado, gratuito, esfuziante, sem muitos poréns... Nisso, também estou com ela. O verbo certo para o amor é acontecer.

Shú respeita minha irmãzinha Milena. Não pula, não exagera, não desespera. Faz de tudo para se controlar e não assustar a minha Mi. Também respeita a casa dos meus pais e os lugares públicos.

E, o melhor de tudo, Shú é pacífica. Ela nunca mordeu ninguém; nem eu. Quer dizer, quase ninguém. Não ela, eu.

domingo, 19 de julho de 2009


Capa do JC de Bauru publicada ontem. Especial atenção à foto de João Rosan, no pé da página, que mostra o prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB) entregando uma taça enorme de forma absolutamente fálica a uma menina, estrategicamente posicionada.
Detalhe de bastidores sobre a manchete: segundo uma colega jornalista, o secretário da saúde passou a entrevista coletiva toda tossindo, espirrando... Médico infectologista também, Monti até tirou sarro do seu estado gripal.


sábado, 18 de julho de 2009

Minha música com minha mãe

Cantamos desde que eu era bem pequena. Nem ela nem sei sabemos precisar exatamente quando. É do Altemar Dutra, e sempre que pegamos a estrada juntas também vamos cantarolando “Jura-me”.

Legal é que sempre a letra vem carregada de interpretação para mãe e filha. Adoramos a parte do “Tenho ciúmes ATÉ do pensamento”, e damos risada tentando afinar. Só ela consegue, é claro. Terminamos sempre soltando o “sofrendo por TI” com toda a força dos nossos corações.

“Todos dizem que é mentira que eu te quero
Pois jamais me haviam visto enamorado
Eu te juro que eu mesmo não compreendo
A razão do meu viver desesperado
Se estou junto de ti estou contente
Se estou só, sinto a alma torturada
Tenho ciúmes até do pensamento
Que possa recordar-te outra pessoa amada
Jura-me nem que passe muito tempo
Lembrarás sempre o momento
Em que eu te conheci
Olha-me não há nada neste mundo
Nem mais doce mais profundo que os momentos que eu vivi...
Beija-me, com um beijo apaixonado
Como nunca fui beijado
Desde o dia em que nasci
Ama-me, com amor e com ternura
E assim verás a amargura
Que estou sofrendo por ti.”

quinta-feira, 16 de julho de 2009

ONE HUNDRED POSTS

Sem textos.
Sem texto.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Abraçar ou não, eis a questão


O abraço é das melhores expressões da alma. É quando se sente o coração do outro, quando se tateia as costas, o ombro, braço, corpo. Com uma mínima inclinação, encaixam-se ao longo do comprimento da pele, tocando o rosto, sentindo o cheiro.
Tem gente que abraça frouxo, um abraço sem sentimento. Inclinam o corpo para frente, mantendo para trás pernas e pélvis, e dão tapinhas nas costas no maior sinal de frieza. É um típico abraço sem alma.
As pessoas que trazem alegria e amor na nossa vida abraçam holisticamente: encosta-se o corpo todo no outro, fala-se palavras bonitas e beija-se o rosto, pescoço, orelha, ombro...
Abraço também depende da altura das duas pessoas. Alguém muito alto deve sentir falta dos abraços de corpo inteiro, já que precisam abaixar para alcançarem a estatura mediana. Neste sentido, abraçar alguém deitado pode ser a saída. Já os mais baixos, por vezes, precisam abraçar na pontinha dos pés.
No abraço, você sente a vibração da alma – muito mais do que no beijo na boca, que depende de outros fatores. São os corpos colados que podem revelar amores, amizade verdadeira, mentiras, ressentimento, euforia, paixões... Aliás, quando se reencontra alguém de quem se gosta, a primeira coisa a se fazer é abraçar forte até porque, quando se abraça, pode-se falar alguma coisa para a pessoa, beijar, cheirar ao mesmo tempo.
Quando morei fora do Brasil, senti uma diferença enorme. Abraços eram raridade. Até beijos no rosto eram limitadíssimos. Apertava-se a mão muito, o que me fez estranhar a manifestação de carinho esfuziante quando voltei de Londres. E eu sendo brasileira (o povo caloroso) e libanesa (os homens da minha família se abraçam e se beijam naturalmente e constantemente).
E sou bastante abraçenta: adoro abraçar as pessoas, o travesseiro, a minha cachorra. Também abraço livros. E já abracei umas várias árvores desde que meu professor de filosofia da Unesp mandou minha turma fazer isso logo no primeiro dia de aula.
Quando me magoo, entretanto, desaprendo a abraçar. Não consigo. Seguro a pessoa pelo ombro e afasto meu corpo o máximo que posso. É meu não-abraço, e precisa me bater muito para levar um desses.
Tenho uma história de abraços importantes que dei ao longo da vida, dos quais me alimento de tempos em tempos. Tenho saudade de muitos deles, e busco na minha mente aquela alegria física que nos traz o ser abraçado. Que bom que eu abraço de verdade, porque isso me garante imagens e sensações fortes na minha memória. Vivas e quentes.
Abraços significam carinho, intimidade, aceitação, identidade, amor, coloquialidade, proximidade... Tem abraço que vira dança, abraço que vira declaração de amor, abraço que traz lágrima, que causa taquicardia, abraço de urso, abraços históricos, abraço por trás, abraço de reconciliação, e aquele abraço que dá tesão e emenda no sexo...
Parece que os bons abraços sempre suprem a tristeza da falta deles.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Acabou!


Pequenas curiosidades sobre a morte do cara
(ou a cobertura jornalística dada ao fato):

- Na China, uma biografia de MJ foi feita em dois (dois) dias! “Moonwalk no Paraíso” chegou às livrarias exatamente 8 (oito) dias depois da morte do cantor. Mais rápido do que algumas revistas.

- Parece que mais de uma dúzia (13) de doidos cometeram suicídio depois da morte de MJ. Entraram apenas na pauta da internet, e muito superficialmente. Abafaram o caso. Suicídio é pauta proibida.

- Nossa, um corpo ficar morto por 12 (doze) dias assim? Americano tem essa coisa de funeral. Assistam uma série que se chama “Six Feet Under” (só falei do corpo do MJ para poder falar da série, que adorei).

- no atestado de óbito, ele consta como negro. Sim, claro. Mas, se este negro fosse tentar as cotas nas universidades do Brasil, seria motivo, também, de estranhamento.

- Os veículos cobrem a morte há dias, e ainda não sabem o que será feito com o corpo do cara. É mole? Parece que a indústria cultural virou uma self-pauta, e esqueceram do que é pauta de verdade.

- Fiquei com uma sensação de ter tido uma overdose de MJ, mas faltou tanta coisa... Se é para falar da vida pessoal do cara, não seria melhor utilizar as qualidades dele como pai legal, ou como um chefe bacana, do que apenas simplificá-lo como um herói?

- TV deu atenção demais. Meio patético a Sandra Anemberg quase chorar, né não? A internet, também, foi além: vídeos, produtos e factóides espalhados all over. Jornais parecem ter mantido alguma integridade. Mas a melhor de todas as coberturas foi o bom e velho rádio: em Bauru, na estrada, aqui em Londrina, o melhor do morto: suas músicas. Ouvi coisas que nem conhecia...

MORAL DA HISTÓRIA: É mais fácil criticar do que fazer. Não se mate por qualquer coisa. E nunca, nunca, dê muita importância aos detalhes superficiais de uma história. Vá à essência.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

MARCIATECA

Alguns filmes alugados recentemente.

ESTÔMAGO: Nossa, este impressiona. O filme não para nem um minuto de surpreender. É nacional, sobre culinária e um retirante paraibano. Detalhe: quando aparece um chapéu de cozinheiro no canto da tela, é só você apertar o “menu” para ler a receita na tv. E vale a pena ler todas - são deliciosamente escritas. Sabe aquela história que, quando termina, você está rindo, e é de algo bem tosco?

ROMANCE: É Guel Arraes, é Jorge Furtado, é Wagner Moura e os clássicos do gênero. É um “Alta Fidelidade” brasileiro com os grandes romances no lugar das músicas, e o teatro ao invés dos bares.

SE EU FOSSE VOCÊ 2: Vale só para ver uma parte. Tony Ramos, depois de incorporar a alma da mulher, faz uma cena que eu assisti umas seis vezes, morrendo de rir em todas: ele com vontade de fazer xixi, se atrapalha todo(a) para tirar o cinto, abrir a calça e segurar a tampa da privada. Hilário.

QUEIME DEPOIS DE LER: Este é de morrer de rir inteiro. Um non-sense adorável com uma turma incrível de atores que se mostram e se superam. Acho que os irmãos Cohen não precisam nem mais assinar seus filmes – a marca deles está ali, no roteiro, nos diálogos... Surpresas até o final.

UM HOMEM BOM: Puxa, que filme belo. E é com um ator que eu admiro demais, o Viggo Mortensen. Muitos o conhecem como “Senhor dos Anéis”, mas eu ainda não o esqueço como “Senhores do Crime”.

DÚVIDA: Entre o fato e a versão; entre a certeza e a opinião; entre julgar e condenar. Foi o que eu vi. E confirma a ideia de que cinema também depende da expectativa que você tem. Eu não esperava muito e gostei.

A TROCA: Uma aula sobre como se conta bem uma história. Aliás, Clint Eastwood está virando gênio. Para mostrar que a idade só traz benefícios para os bons.

O LEITOR: Passo. Não me pegou.

LINHA DE PASSE: Já assisti duas vezes e o filme me impressiona demais, porque é inteirinho bom. Atores, a história, a dinâmica e o jeito de filmar São Paulo. Vale a pena assistir aos extras também.

QUATRO MINUTOS: Alemão, e por influência de minha mãe – que adora um filme que tenha piano. Cenas fortes, ótimos personagens, história difícil e uma parte final que vale a pena.

MARLEY E EU: Recomendação da minha sobrinha. Muito ruim. Mesmo. Mas, quem tem cachorro, se identifica e se emociona. Só que deveria ser proibido para crianças! O tema da morte é explorado de forma muito barata. Por isso que Laila saiu do cinema nos braços de minha irmã, aos prantos...

PERSÉPOLIS: Irã e uma beleza gráfica absurda. A política no cotidiano de uma menina. Adorei.

QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO: eu gosto de Danny Boyle. Gostei da relação que ele estabeleceu entre o conhecimento do indiano e a vida dele (dá para discutir isso em termos de historiografia fácil fácil). Mas sabe aquele filme que termina e não deixa muita coisa? Mas talvez foi porque eu tinha assistido ao Milk um dia antes.

MILK:
Fiquei presa do começo ao fim. Tipo de filme que eu amo. Verdadeiro no melhor sentido da palavra. E não dá nem para tentar descrever o Sean Pean. Quem gosta dele, vai se apaixonar ainda mais. Recomendo assistir com legenda em inglês, porque os tradutores brasileiros tiveram muito pudor com alguns termos.


quarta-feira, 1 de julho de 2009

Blog Ploc Spot Boom!


Olho, penso e me interesso por eles há um tempinho. Que me lembre, a invasão do Iraque em 2003 é a memória mais antiga que tenho do que poderia representar esta ferramenta de comunicação no mundo.
Depois tive amigos com blog: LuBru, Thiago Roque... Mais tarde, minha prima Karen botou a família na rede.

Eu mesma só comecei um pra valer não faz nem um ano, mas já virei blogueira assumida. E saiba que, se você ainda não presta atenção em blog, é só uma questão de tempo para perceber as maravilhas e dilemas que ele traz.
O crescimento dos blogs é inevitável: estão lá, facilmente acessados, atualizados, personalizados, comentados por qualquer um – até no Irã. E tem tanta coisa interessante...

Ouvi falar que este Twitter que tanto faz sucesso (mas não me interessei nem um pouco) é uma versão curta do blog, geralmente com uma frase ou pergunta. Nada a ver. O bom dos blogs é ver a foto, o texto, os parágrafos, as imagens, as paradas de cada um. Por mais profissional que seja, o blog é sempre pessoal.

Acompanho quase que diariamente alguns blogs:

- ah, este é especial. O Fabrício (
http://seresdespanto.blogspot.com) é o arquiteto que mais sabe sobre cinema no mundo e felizmente cedeu à minha insistência. Resultado: segure o fôlego e entre no incrível jogo de palavras dele. Fá é tão apaixonante na escrita quanto é pessoalmente.

- ah, este é novo na minha lista. Rogério Fischer (
http://fischer-blogdofischer.blogspot.com), jornalista que ainda não conheci pessoalmente, mas é como se conhecesse. Das conversas por emais, fomos para o blog, e parece que agora somos amigos. Escreve deliciosamente bem sobre tudo. E tem levantado boas questões sobre o fim da obrigatoriedade de diploma para jornalistas.

- ah, este é profissional. Rodrigo Vianna (
http://www.rodrigovianna.com.br) é grande jornalista, e todos sabem. Mas é, também, cunhado da minha grande amiga Van, tio dos gêmeos lindos, fisicamente parecido com o Fernando... E é quem melhor utiliza o blog como extensão da atividade jornalística. É incrível: mesmo quando não concordo com Rodrigo, fico presa daquele texto bom, naquela argumentação consolidada, no seu jeito claro e inteligente de discutir as coisas.

- ah, este é dos meus pimpolhos. Ainda está começando, mas já é lindo. Os alunos de primeiro ano da Unip (
http://www.campus014.com.br) romperam todas as barreiras de limitação da universidade e organizaram seu blog, com editorias, revisor etc etc. Um mérito e uma conquista. Agora, mais do que nunca, é preciso fazer, fazer, fazer.

- ah, este é o da minha prima querida. A Karenlândia (
http://nakarenlandia.blogspot.com) foi dos primeiros blogs de pessoas próximas que eu realmente acompanhei. Ela é uma dessas jóias raras de inteligência, humor e charme que passa para o texto facilmente. E a Ká é didática, sempre traz dicas, listas, questionários... Um barato! (Precisa atualizar, prima!)

- ah, e tem o dos alunos individualmente. O Luiz (
http://lcacoman.blogspot.com), a Iara (http://eentaoeisso.blogspot.com), a Marcella (http://etcetantos.blogspot.com) e alguns perdidos entre formatações do meu computador.

- ah, o blog que me liga à Inglaterra... Ali (
http://theresearchforum.blogspot.com), coordenador do mestrado que fiz em Londres e meu amigo, montou este blog incrível sobre pesquisa acadêmica. Eu, outros ex-alunos e colegas de Ali, de vários lugares principalmente da Europa, fazemos parte desta lista veiculada também por email onde trocamos vídeos, discussões, textos, opiniões sobre assuntos importantes – principalmente ligados à política. É muito bom voltar a ter uma perspectiva de quem está lá, no meio do turbilhão. Ali acaba de mandar um texto sobre o Irã. Ele estava lá.

- ah, e uma surpresa que achei não sei como, nem onde, nem quando. Para mostrar como a rede é, sometimes, randômica. Um blog feminino sobre os dilemas dos 30´s (
http://3xtrinta.blogspot.com).

- ah, tem vários outros, nem dá para listar todos. E este meu, pobrezinho, coitado, que precisa de uma revisão geral na lataria e no motor depois de mais de 100 textos postados.
Em breve.

Jean Charles


Não sei se devo recomendar o filme, porque ele não traz nada de muito surpreendente, apesar de eu ter amado a experiência de vê-lo na telona. Esta brasileira já estava envolvida com aquelas imagens antes mesmo de entrar na sala do cinema em Bauru, segunda à noite.

Poucos casais na sessão, alguns com filhos adolescentes. Eu fui sozinha, porque precisava ser assim. Estava acompanhada de um ator do qual sempre gostei, que me faz rir e que me atrai pacas (eita homem sensual este Selton Mello...), e da cidade que mora no meu coração: Londres.

Ah, eu chorei de emoção com aquelas imagens.

Acho que o que eu gostei mesmo foi de ver as imagens, porque a minha vida lá não teve nada a ver com a do mineiro.

O diretor faz umas tomadas do céu da capital inglesa caminhando pela cidade como se te levasse para lá. E eu fui. O Tâmisa dividindo uma metrópole antiga, passando pela parte mais velha até as construções mais modernas; um contraste tão ilógico quanto belo. Anda pelas ruas com aquelas cores e cheiros mistos, com os quais eu tanto me identifiquei. As cabines telefônicas, já mais modernas, e a voz apertada ao falar com a mãe no Brasil.
O tube, os ônibus de dois andares, o tube...

O tube é onde tudo começa e tudo termina, tanto para quem vai para Londres quanto para Jean Charles.
No tube, todos são iguais mesmo.