quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Manual para participar de uma banca:


- chegue antes. Absurdo deixar alunos, pais, amigos e professores esperando. Também tem o fato de que as apresentações de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) ocorrem uma seguida da outra. Se atrasar uma, serão dois alunos, mais pais, amigos e professores na angústia da consolidação de um trabalho.

- se você for o orientador, faça o check-list: TCC, água para todos, ata da apresentação, declaração para as notas, equipamentos funcionando e, por favor, caneta. Já vi dois membros da banca, uma vez, caçando canetas com a plateia.

- elogie os colegas. Sei que parece hipocrisia escrever assim, mas é para elogiar mesmo. São várias razões: estão analisando, juntos, um trabalho; não estão ali por acaso, devem contribuir construtivamente. O elogio faz, sim, parte do protocolo mas carrega consigo a pressão para uma boa análise. Acredito piamente que todos os que dividem a bancada sabem e sentem o elogio que vem com carinho e admiração.

- elogie principalmente o aluno. Quase todos eles tem algo de bom ali. De 2003 pra cá, nas várias bancas de TCC por onde passei, apenas uma foi digna de começar com uma bronca deslava, daquelas de incomodar até o data-show. Também, eram dois alunos que se propuseram a fazer um documentário tendo como base as piores entrevistas que já vi na minha vida. Além da técnica pobre e incompetente dos dois, é claro. Quando isso acontece, não tem jeito. Vale extrapolar o tempo dado e realmente mostrar que aquilo ali não vale nada. Sem dó nem consideração com a família.

- saiba lidar com bancas diferentes porque, cada uma, caminha em um ritmo. Fico pensando quão diferente pode ficar a troca da ordem dos arguidores. Se o primeiro professor se esvai em críticas, pode ficar até estranho o outro só elogiar. O contrário também se aplica, e foi o que aconteceu na defesa da minha tese. Os três primeiros professores competentíssimos foram construtivos com suas arguições, mas, quando chegou o último, os comentários página a página foram surgindo de uma forma non-sense. Ou seja: não se deve ter uma fala isolada; as ideias do formando devem dialogar com a de seus avaliadores, em uma melodia que requer sintonia.

- esqueça da plateia sem desconsiderá-la. Não dá mesmo para pensar naquela avó que está toda orgulhosa da netinha, nem do pai político do aluno, muito menos no namorado bruta montes que te intimida com o olhar. Seja educado mas nem cogite mudar sua arguição por conta do mis-en-scene. O que importa é o trabalho, o aluno e o orientador.

- não discuta as escolhas da pesquisa, mas os caminhos que ela seguiu. Existe toda uma base nos trabalhos que não é de responsabilidade da banca avaliar. É o orientador que dá o tom da coisa, e isso nem se argumenta. Precisa tentar fazer uma leitura do trabalho, apontando reflexões, questionamentos e contradições que o caminho do trabalho possa apresentar.

- também não se deve, em hipótese alguma, fazer uma banca protocolo. Se você foi chamado para avaliar um trabalho executado, no mínimo, durante seis meses, faça sua tarefa. Quem faz aquela leitura besta, com comentários genéricos, deveria ser suspenso, como se faz com os alunos que não fazem seus deveres. Infelizmente, já tive colega de banca que confessou para mim ter lido apenas algumas partes, e pedindo algumas “informações” sobre o trabalho para não passar um carão. Que feio. Se não for ter tempo de ler, não aceite o convite para fazer parte de um dia tão importante da vida do aluno.

- não use perfume muito forte, batom exageradamente vermelho, roupa muito sensual ou pulseira cheia de penduricalhos barulhentos. E, se tem problema com gases, não tome coca-cola antes de ir. Uma vez, um professor soltou um mega arroto no meio da banca que, depois de uma brincadeira, até virou piada. Mas o cheiro ficou parado no ar condicionado por um bom tempo. Resultado: ninguém prestou atenção na arguição do moço. E a aluna de jornalismo terá, para sempre, uma marca nada cheirosa nem sonora quando lembrar da apresentação do seu TCC.

- defenda seu aluno quando precisar. Se alguém da banca começar a discutir exaustivamente algo desnecessário, de um aluno aplicado e fundamentado, erga a espada de São Jorge. O orientador sabe justamente o orientando que tem. Eu tive sorte de cair com duas grandes alunas-jornalistas nas primeiras orientações da UEL. Nem precisei defendê-las porque o trabalho falava por si só e porque elas sabiam muito bem suas escolhas e caminhos. É bom compartilhar com um aluno o orgulho do trabalho bem construído.

3 comentários:

Iara Krica disse...

Ahhhhhh márcia minha florzinha....quanto tempo!!! fiquei tão emocionada ao ler essa postagem...Me senti (novamente) com aquele friozinho na barriga de TCC!
eu me lembro bem da minha banca, composta pelo Thárcio, vc, Dani e Maria Cecília. Meus amigos e minha mãe e o Claudio na platéia...A minha banca foi a única que "lotou", mas não só porque era o meu trabalho, mas porque tive a sorte de ter a melhor e mais competente orientadora...Um super orgulho pra mim!!!!

saudades imensas de vc...

Léia disse...

ah que legal... suas orientações..eu gostaria do fundo de meu 'core' que a minha banca lesse esse texto.. rsrs

amanhã será a minha vez.. hehheee

^^

Thalita Vitoreli disse...

Márciaaa....
Nós é que tivemos a sorte de ter vc - professora-jornalista - como nossa orientadora!!

Foi muito legal trabalhar com vc!
Obrigada pela força e por compartilhar do sucesso conosco!!

bjuuuu

Thalita